Desperdício de espaço
Centro Cultural: já que projeto não vingou, que volte a Prefeitura Regional!
Nesta edição, o Jornal Desenvolve Itaquera volta a chamar a atenção da Prefeitura para um projeto que há anos está parado e que gera muitos prejuízos aos comerciantes do centro de Itaquera: a obra do Centro Cultural no terreno que sempre abrigou a sede da administração municipal, na Rua Gregório Ramalho.
Os problemas começaram depois que a área passou para a Secretaria Municipal da Cultura. Após o início de um megaprojeto para abrigar a Biblioteca Pública Sérgio Buarque de Holanda, problemas relacionados a rachaduras na laje acabaram paralisando os trabalhos. Há cerca de quatro anos a situação permanece a mesma e as Entidades do bairro pedem que a atual gestão coloque um ponto final neste impasse.
O que todos mais desejam é que a região central de Itaquera volte a ser um polo de consumo e tenha mais vida com a estrutura da sede da Prefeitura Regional, novamente em seu antigo endereço, já que o projeto do Centro Cutural não foi pra frente.
IMPACTO DIRETO
De acordo com o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Itaquera (CDLI) e do Núcleo de Desenvolvimento de Itaquera (NDI), o Dr. Roberto Manna, depois que a sede da então subprefeitura saiu do endereço, houve uma queda considerável do número de pessoas que transitava na região, o que afetou diretamente o comério de rua.
“São estabelecimentos que há anos prestam serviços e que geram empregos. Temos que mantê-los em funcionamento. Acredito fielmente que a volta da Prefeitura Regional para a Rua Gregório Ramalho, agregada a outros serviços culturais, iria impulcionar novamente o setor. E vou além. A SPTrans até poderia instalar uma linha circular com passagens pelo Metrô Itaquera, estação de trem Dom Bosco e o Conjunto José Bonifácio, além do centro de Itaquera, claro, para ajudar no traslado de quem quer comprar nas lojas de rua”, destacou o presidente.
SEM UTILIDADE
Manna também salientou a valorização do endereço, que acabou se tornando obsoleto. “Estamos falando de um local nobre e muito bem localizado. Outra vantagem é estar muito próximo do Metrô, o que deve ser levado em consideração. Isso ajuda no transporte de quem busca pelos serviços municipais e também para todos aqueles que trabalham na administração.”
E tem gente que sente saudades da antiga sede. “Olha, eu gostava muito quando a Prefeitura era no centro do bairro. Era uma casa antiga, histórica, num terreno muito bem arborizado. Era gostoso ir lá. Era diferente porque a sua arquitetura era do passado, sabe. Com a mudança, este sentimento, pelo menos pra mim, acabou”, comentou o morador Antonio de Sousa.
POLO DE SERVIÇOS
Entre as propostas das Entidades CDLI e NDI está a unificação de todos os departamentos municipais em um único espaço, com estacionamento subterrâneo. “Tem espaço pra isso lá. Até poderíamos colocar em prática o Centro Cultural com uma nova edificação, já que o que foi construído terá que ser demolido. Além de agilizar o atendimento municipal, as pessoas poderiam encontrar no mesmo endereço equipamentos de cultura. Já pensou que legal. Sem falar, que a Prefeitura iria economizar com o aluguel que paga atualmente.”
Com relação a este pagamento, a reportagem chegou a entrar em contato com a Secretaria Municipal de Prefeituras Regionais, que informou estar obedecendo o Decreto 57.580, de janeiro de 2017, e que a gestão trabalha com duas possibilidades: a mudança da sede da Prefeitura Regional para outro local (com valor mais baixo) ou a construção da sede própria. “Então que esta sede seja construída no terreno que sempre foi da Prefeitura. Seria mais lógico!”, completou Manna.
Da Rua Gregório Ramalho a sede passou então para a Rua Augusto Carlos Bauman, 851. Com a posse do terreno passando para a Secretaria Municipal da Cultura, a apresentação do projeto do prédio que abrigaria a Biblioteca Pública Sérgio Buarque de Holanda ocorreu em 2008.
O projeto recebeu, inclusive, menção honrosa na categoria Edifício-Projeto (institucional) na Premiação do Instituto de Arquitetos do Brasil de São Paulo. De autoria dos arquitetos José Rollemberg de Melo Filho, Lara Melo Souza, Marília Gontijio e Wanderley Ariza, a licitação seria iniciada em 2009, mesmo ano do começo das obras.
A reportagem apurou também que o custo total do projeto estava estimado em R$ 3,3 milhões, dos quais R$ 900 mil seriam recursos obtidos por meio de um Termo de Ajustamento de Conduto (TAC) firmado entre a Savoy Imobiliária Construtora Ltda. e a Secretaria Municipal da Cultura. O restante seria custeado com o orçamento da própria pasta. O novo edifício central, leve e transparente, abrigaria a sala de leitura, enquanto as casas antigas serviriam a atividades de apoio da biblioteca.
O Centro Cultural que estava sendo construído deveria abrigar um telecentro, auditório com 150 lugares e duas salas de cinema, com cerca de 80 e 150 lugares. O edifício, com andar térreo e mezanino, teria ainda praça interna, átrio e lanchonete, além de oficinas culturais de artes plásticas, música, dança e teatro.