Há muitos portadores de Esclerose Múltipla (EM) em alerta máximo neste momento de pandemia por Coronavírus. Isso porque muitas terapias funcionam suprimindo ou modificando o sistema imunológico.
Para ajudar estas famílias, vamos reproduzir a matéria publicada no site Esclerose Múltipla Brasil, no dia 1° de março deste ano, que destaca o tema Coronavírus e os portadores de Esclerose Múltipla. Fontes: Dr. Rodrigo Kleinpaul e Dr. Thiago Junqueira.
O “novo coronavírus”, ou SARS-CoV-2, foi recentemente denominado pela Organização Mundial de Saúde como causador da Covid-19, uma doença respiratória que não tinha sido até então vista em humanos.
Ele foi detectado pela primeira vez na China em dezembro de 2019 e, desde então, se espalhou para outras partes do mundo. Como o número de casos no Brasil vem aumentando dia a dia, o tema Coronavírus e os portadores de Esclerose Múltipla (EM) é de extrema importância.
O que o Covid-19 significa para pessoas que vivem com esclerose múltipla?
Como essa cepa do coronavírus é nova, ainda precisamos aprender mais sobre como ela pode afetar as pessoas com Esclerose Múltipla. Sabemos que muitas terapias modificadoras de doença para EM funcionam suprimindo ou modificando o sistema imunológico.
Assim, as recomendações para pessoas vivendo com EM são baseadas principalmente na medicação que fazem uso. De acordo com o Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla e Doenças Neuroimunológicas (BCTRIMS), podemos resumir desta forma:
- Interferon, Glatirâmer, Teriflunomida, Fumarato de Dimetila: essas medicações não aumentam de forma significativa o risco de infecções virais ou sua gravidade. Desta forma, é recomendado manter o tratamento durante a epidemia. Nos pacientes em uso de fumarato de dimetila aconselha-se realizar exames periódicos e, em casos de linfopenia (número total de linfócitos abaixo de 500), é prudente contatar sua equipe médica assistente e otimizar as medidas de prevenção de contágio.
- Fingolimode: aumenta o risco de contrair infecções virais e pode aumentar a gravidade destas infecções. Entretanto, sua suspensão abrupta pode levar a um “rebote” da atividade da EM com surtos potencialmente graves; além disso, a recuperação da função normal do sistema imune pode levar algumas semanas. Desta forma, recomendamos a quem usa esta medicação acompanhamento regular, realizando os exames de sangue necessários (incluindo contagem de linfócitos) e um zelo especial na prevenção do contágio, o que pode incluir o home office ou afastamento temporário. Discuta com o seu médico caso tenha mais dúvidas.
- Natalizumabe: pode aumentar o risco de infecções do sistema nervoso. Por ora, a recomendação inicial é de manter o tratamento, pois é provavelmente uma medicação segura nesse cenário. Uma alternativa que pode ser explorada na vigência da epidemia é a extensão do intervalo entre infusões de 28 para até 45 dias.
- Ocrelizumabe, Rituximabe, Alemtuzumabe, Cladribina: essas modalidades de tratamento promovem alterações de longo prazo no sistema imune. Além de um risco maior de infecções virais e maior gravidade dessas infecções, o tempo para recuperação da imunidade é mais longo. Caso você esteja planejando iniciar um destes tratamentos, pode ser prudente adiar a primeira dose e discutir com sua equipe médica opções. Caso já esteja fazendo o tratamento e tenha uma nova infusão programada, também pode ser aconselhável adiar esta dose. Se tiver recebido recentemente o tratamento, cuidado redobrado com as medidas preventivas.
Assim, se você estiver tomando algumas das medicações listadas há a necessidade de um cuidado maior em relação à prevenção e, se for exposto ao Covid-19 ou tiver a infecção confirmada, entrar em contato com o seu neurologista.
Quais são os sintomas do Covid-19 e como se proteger?
Os principais sintomas incluem falta de ar, tosse e febre, que podem evoluir para pneumonia e raramente óbito.
Como é transmitida a Covid-19?
O principal meio de transmissão é entre pessoas, ou seja, ao tossir ou espirrar, pessoas infectadas expelem gotículas que contém o vírus. Essas gotículas podem contaminar superfícies e objetos. Outras pessoas podem se infectar ao tocar nesses locais contaminados, levando suas mãos aos olhos, nariz ou boca.
RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA A POPULAÇÃO
A Organização Mundial da Saúde (OMS) fornece algumas medidas básicas para proteção contra o COVID-19. Esses incluem:
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos.
- Usar desinfetante para as mãos à base de álcool que contenha pelo menos 70% de álcool se sabão e água não estiverem disponíveis.
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com mãos não lavadas.
- Ao tossir e espirrar, cobrir a boca e o nariz com o cotovelo ou tecido.
- Evitar contato próximo com pessoas doentes, mantendo pelo menos 1 metro de distância com estas pessoas.
O Portador de Esclerose Múltipla ainda deve:
- Considerar uso de máscara, especialmente para aqueles em uso de imunossupressores.
- Caso o paciente apresente sintomas típicos de gripe e história de contato prévio com paciente com diagnóstico confirmado de Covid-19 ou viagem nos últimos 14 dias para países com casos confirmados, considerar a suspensão temporária ou adiamento dos medicamentos imunossupressores e entrar em contato com seu neurologista.
Existe vacina disponível contra o “novo coronavirus”?
Até o momento não dispomos de vacina para nos proteger contra o Covid-19. A melhor maneira de prevenir a infecção é evitar ser exposto ao vírus.
Existe tratamento contra o “novo coronavirus”?
Até o momento não dispomos de tratamento antiviral específico para o Covid-19. Em pessoas com sintomas e diagnósticos confirmados ocorre o controle dos sintomas para dar suporte clínico e tratar possíveis complicações.
O Ministério da Saúde disponibilizou um aplicativo sobre o Coronavírus com as seguintes funcionalidades: informações, dicas, mapa de unidades de saúde, além de uma avaliação rápida sobre a relação de sintomas relatados com a definição de caso suspeito do vírus, que podem ser baixados nas lojas específicas: Android | iOS