Desmatamento a céu aberto

Por Dario Vasconcelos

As folhas das árvores liberam vapor de água ao longo do dia e esse processo equivale à transferência da água do solo para a atmosfera

As folhas das árvores liberam vapor de água ao longo do dia e esse processo equivale à transferência da água do solo para a atmosfera

Com mais de 100 áreas devastadas, Mata Atlântica em São Paulo pode desaparecer

“O governo e a Prefeitura de São Paulo têm feito muito pouco para defender a Mata Atlântica na capital.” Com essa fala firme, o vereador Gilberto Natalini abriu a sua caixa de respostas ao receber virtualmente a reportagem do Desenvolve Itaquera, no dia 20 de junho. A sua provocação apontou para uma questão essencial na sobrevivência da cidade, mas que é pouco discutida: o desmatamento da Mata Atlântica em São Paulo.

O parlamentar é o responsável por mais de duzentas e trinta páginas de um dossiê que revela 90 pontos de desmatamentos na capital. O documento também apresenta loteamentos e vendas irregulares de terrenos em bairros das zonas Sul, Leste, Oeste e Norte da cidade.

“De agosto de 2019 a abril de 2020, de 90 áreas de desmatamento subiu-se para 160; de 20 mil lotes para 48 mil lotes; de 6,5 milhões de metros quadrados para 7,5 milhões de metros quadrados; e de R$ 1 bilhão de renda com a venda criminosa desses terrenos passou-se para R$ 2 bilhões”, indicou Natalini.

ZONA LESTE

A Zona Leste aparece no dossiê do vereador com 43 focos de áreas devastadas e já figura na segunda colocação do ranking de desmatamento, perdendo apenas para a Zona Sul. Ainda de acordo com o documento, São Miguel Paulista é a área mais crítica, com 14 pontos de desarborização. Os bairros de Itaquera e São Mateus seguem empatados com 13 locais cada um, e na Cidade Tiradentes o desflorestamento atingiu três áreas.

ÁRVORE DA VIDA

A questão que envolve o desmatamento vai além dos crimes cometidos contra a fauna e a flora de São Paulo, mas também tem impactos severos no ecossistema e na biodiversidade da capital.

Segundo o biólogo Marcos Buckeridge, autor do artigo “Árvores Urbanas em São Paulo: Planejamento, Economia e água”, as folhas das árvores liberam vapor de água ao longo do dia e esse processo, na prática, equivale à transferência da água do solo para a atmosfera.

Dessa maneira, devastar a mata que circunda o centro expandido de São Paulo enfraquece todo um sistema natural, orgânico e vital.

O QUE DIZ A PREFEITURA

No dia 5 de junho, o prefeito Bruno Covas anunciou a construção de um bosque no Parque do Carmo, em homenagem às vítimas da Covid-19, e reforçou o esforço da Prefeitura na realização de ações para combater o desmatamento.

“Enquanto alguns governos comemoram o desmatamento e passam a mão na cabeça daqueles que promovem o desmatamento, a cidade de São Paulo faz aqui a sua lembrança em relação a todas as pessoas que estão perdendo a vida por conta desta pandemia, plantando ainda mais árvores e contribuindo para o reflorestamento.”

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