Wagner Farias, jornalista e publicitário, lança a coluna Painel Político, onde entrevistará algumas personalidades, entre elas, alguns pré-candidatos às Eleições 2022. A primeira entrevistada é a pré-candidata a deputada federal, Claudia Carletto.
Foi nos meses mais duros do período de isolamento social causado pela pandemia da Covid-19, entre 2020 e 2021, que a jornalista Claudia Carletto, então secretária de Direitos Humanos da cidade de São Paulo, pôde experienciar o valor da solidariedade e o quanto a união de pequenos esforços somados pode fazer toda a diferença mesmo em grandes cidades. A experiência transformadora a impulsionou a mudar totalmente a direção de sua carreira e vida.
Wagner Farias – Como a experiência da solidariedade durante a pandemia mudou sua visão sobre a atuação das pessoas na sociedade?
Claudia Carletto – A pandemia foi um marco para as cidades de todo o Estado, porque além do trabalho conjunto dos gestores da saúde, do governador e dos prefeitos, para que não faltasse assistência, remédio, respirador para quem estava doente, e apesar de todo o medo que aquela situação despertava nas pessoas, a população entendeu que havia outro problema a ser enfrentado, que era a fome, e passou a dividir o que podia com quem não tinha nada. Foi especial sentir toda a solidariedade dos brasileiros de São Paulo. Deu esperança, apesar de tudo, e mostrou de forma clara a força transformadora que a pequena contribuição tem e a importância desses pequenos esforços, que somados, se transformam em muito, em mudança real para quem precisa. Somente na capital, foram entregues 6,1 milhões de cestas básicas pelo Programa Cidade Solidária, um marco para São Paulo.
Wagner Farias – Você atua desde 2005 no setor público, acompanhou a hoje senadora Mara Gabrilli na prefeitura e no Legislativo, foi secretária de Direitos Humanos e Cidadania. De que forma essas experiências foram te transformando e como?
Claudia Carletto – Desde que ingressei na vida pública, em 2005, com a Mara na Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência da capital, eu convivo de perto com os desafios que a sociedade impõe aqueles que têm menos, que são mais vulneráveis, seja por ser uma pessoa com algum tipo de deficiência, seja pela cor da pele, pela orientação sexual, pelo gênero. Há muitas formas de se violentar uma pessoa. Você pode dar um soco nela, mas também pode impedi-la de transitar nas ruas, de ter um emprego, por falta de acessibilidade. Essas pessoas merecem e precisam ser vistas, ouvidas e atendidas em suas necessidades e esse trabalho tem de ser feito pelos gestores, mas também apoiado pelo cidadão comum. Por isso acredito que cada um deve fazer a sua parte, se engajar como pode nas causas que acredita e somar esforços mesmo para dar visibilidade a essas pautas.
Wagner Farias – E como o cidadão comum pode fazer isso?
Claudia Carletto – O cidadão tem um poder que ele desconhece. Individualmente, a gente pode sentir que não tem força para mudar as coisas, mas é na soma que a gente pode transformar a realidade. E hoje todo mundo pode participar e apoiar causas, seja presencialmente, ou nas redes sociais. O importante é participar e estar aberto para entender a realidade do outro.
Wagner Farias – O que mais te marcou na sua passagem pela secretaria de Direitos Humanos?
Claudia Carletto – Além dessa questão da fome, que foi muito forte para mim, a violência é algo que me inquieta e que requer uma atuação forte do poder público e da sociedade. A violência contra a mulher, de gênero e contra as crianças requer uma atuação firme do poder público e medidas que vão além do aparato policial. É preciso criar redes de apoio, de proteção e de acolhida para que essas pessoas tenham segurança para denunciar e recomeçar. E leis firmes contra quem pratica a violência. Nesse contexto, a punição tem papel fundamental. E essa é uma bandeira que vou carregar em todos os lugares por onde eu passar.
Wagner Farias – Você é muito próxima da senadora Mara Gabrilli, trabalhou com ela em muitas ocasiões, já teve essa experiência da gestão pública como secretária municipal. De que forma pretende atuar agora em favor dessas pautas?
Claudia Carletto – Ao longo dos anos eu vivi muitas experiências no setor público, da Câmara Municipal à Prefeitura, na Câmara Federal, e aprendi muito, estudei, fiz uma verdadeira imersão e sinto que agora é o momento de dar um passo além. Com apoio da Mara, vou me candidatar a deputada federal nas eleições deste ano. Acho que é o momento de me colocar na política, como mulher e como uma voz de representação no Congresso Nacional. O Brasil passa por um momento muito delicado e que requer de nós coragem para lutar por um país melhor, mais justo, mais solidário e com oportunidades. É isso que quero representar.