Em tempos em que a tecnologia é parte fundamental do nosso dia a dia, muitas vezes nos encontramos em tentativas frustradas de nos conectar com o meio ambiente. Seja ouvindo sons de chuva, canto de aves ou o soprar do vento pelo fone de ouvido enquanto estamos em frente a uma tela de computador, nos perguntamos: de onde vem essa necessidade de estar perto da natureza?
A relação do ser humano com a natureza remonta aos períodos mais primitivos da nossa espécie. Para os nômades caçadores-coletores, a natureza representava um desafio a ser compreendido e superado. Eles saíam em bandos em busca de presas que os mantivessem vivos durante períodos de escassez.
Ao mesmo tempo, os elementos naturais eram louvados e temidos como divindades em rituais que reverenciavam a lua, o sol e os animais. Com o passar dos séculos, desenvolvemos tecnologias que nos permitiram o plantio em áreas fixas, levando à formação de vilas e ao crescimento da população. Passamos a louvar as colheitas, as chuvas e o solo.
Essa visão perdurou por quase toda a nossa história, até que, em um período mais recente, nos afastamos dos elementos naturais, forçando sua destruição em nome do progresso.
Hoje sabemos que a destruição do meio ambiente está intimamente ligada às mudanças climáticas, afetando a vida das pessoas em escala global. No entanto, esse prejuízo vai além da macroescala, nos afetando individualmente, pois a perda de conexão com a natureza causa um distanciamento do nosso "eu" mais íntimo.
A forma mais racional de mantermos essa conexão é, inicialmente, protegendo as áreas verdes que ainda possuímos, mantendo reservas ambientais, parques naturais e, em menor escala, praças e parques de bairro.
Qual foi a última vez que você, leitor, sentou em um banco de praça ou frequentou o parque do seu bairro? Já plantou uma árvore? Tomou um chá de ervas frescas plantadas por alguém próximo à sua casa? Separou seu lixo?
Essas iniciativas podem parecer trabalhosas, mas a sensação de comunhão com um propósito maior, de uma conexão verdadeira com o meio em que vivemos, pode ser o sentido que não encontramos na mesa do escritório ouvindo os sons da chuva.