A história de Itaquera antecede em muito o surgimento do bairro tal como é conhecido hoje. A primeira referência oficial ao nome data de 1686, em uma Carta de Sesmaria, indicando que o território já era reconhecido na época colonial. De origem tupi, “Itaquera” significa “pedra dura” ou “pedra pontuda”, expressão que retrata as formações rochosas que caracterizavam a região. Antes da ocupação urbana, o local era atravessado por trilhas indígenas que conectavam o planalto paulistano a aldeias e áreas de cultivo.

No início do século XIX, em 1820, um registro oficial menciona uma pequena povoação existente no local, marcada por um rancho conhecido como Casa Pintada, onde viajantes paravam para descanso e reabastecimento. A região também servia como eixo de ligação entre São Paulo e o interior, consolidando sua vocação como corredor de passagem — condição reforçada pela antiga Estrada do Imperador, utilizada por Dom Pedro II.
1875: o marco da urbanização
Apesar das referências anteriores, Itaquera começou a se desenvolver de maneira estruturada apenas em 6 de novembro de 1875, com a inauguração da Estação Ferroviária de Itaquera. Construída por voluntários portugueses, húngaros e brasileiros, a estação impulsionou o crescimento urbano, atraiu imigrantes, estimulou o comércio e consolidou o bairro no mapa ferroviário da capital.

Mesmo existindo divergências sobre a “verdadeira idade” de Itaquera, a comunidade adotou essa data como o aniversário oficial do bairro, devido ao impacto transformador da ferrovia.
Loteamentos e formação das vilas
A expansão urbana ganhou novo ritmo a partir de 1919, com dois grandes loteamentos:
Vila Carmosina, de perfil urbano
Colônia, voltada à ocupação rural e marcada pela presença de imigrantes japoneses, maioria já em 1922
Essa convivência originou a denominação Colônia Japonesa, referência que permanece viva na memória local — tema que já abordamos em outras matérias sobre identidade e tradição da região.
A primeira Escola Mista de Itaquera funcionava na Rua Dr. Luiz Pereira Barreto, sendo dirigida por Fábio Pereira Barreto. Entre as professoras, estavam Sinhá e Leopoldina Barreto. Algumas escolas desse período seguem ativas, como a Emília de Paiva Meira, Hiroshima e Álvares de Azevedo.
O primeiro morador registrado como nascido em Itaquera foi Nicolino Mastrocola, em 1907. Famílias tradicionais incluem Barreto, Mastrocola, Gianetti, Novelli, Campanella e Fonseca.
Cemitérios e infraestrutura social
O Cemitério de Itaquera, localizado na Vila Carmosina, foi inaugurado em 1929, com pouco mais de 8 mil m². Com o avanço populacional, sua ampliação se tornou necessária e foi viabilizada com apoio da CDL Itaquera, chegando à área atual de mais de 115 mil m² — tema que já apareceu em reportagens sobre crescimento populacional e estrutura urbana.
A região também abriga o Cemitério do Carmo, particular. Desde sua implantação, em 1982, já havia a intenção de criar um espaço funerário destinado a animais domésticos. A legislação que autorizou esse tipo de serviço foi aprovada em 1988, possibilitando a criação do Reino Animal, com capacidade para até 18 mil sepultamentos de pets.
Décadas de 1970 e 1980: a transformação urbana
A construção dos grandes conjuntos habitacionais da Cohab, a partir dos anos 1970, alterou profundamente o perfil demográfico de Itaquera. A chegada de milhares de famílias impulsionou o comércio, ampliou a demanda por serviços e fortaleceu a organização comunitária.
Foi nesse contexto que associações de bairro, comerciantes, entidades sociais, lideranças e a própria CDL Itaquera consolidaram seu papel na defesa dos interesses da região, contribuindo para sua estruturação urbana.
Identidade, pertencimento e protagonismo local
Com quase 800 mil habitantes, Itaquera tornou-se um dos principais polos urbanos da Zona Leste. O bairrismo, presente em diferentes gerações, é uma das marcas da região, compartilhada tanto por moradores nativos quanto por quem escolheu o bairro para viver e empreender.
Entidades, coletivos culturais, projetos sociais, lideranças comunitárias e empresariais seguem desempenhando papel central na promoção do desenvolvimento local — como destacamos em reportagens recentes sobre governança e participação social.
Tradição e futuro caminhando juntos
A trajetória de Itaquera é marcada por sucessivas transformações:
das trilhas indígenas à ferrovia;
das vilas aos conjuntos habitacionais;
das vendas tradicionais aos centros comerciais;
da antiga estação à Neo Química Arena, inaugurada em 2014.
Ao celebrar seus 339 anos, Itaquera preserva sua história, valoriza sua memória e olha para o futuro com confiança. O dinamismo do comércio, a força das lideranças, o trabalho das entidades e a vitalidade cultural fazem do bairro um território em constante movimento — construído diariamente pela própria comunidade.






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