A pandemia por Coronavírus só reforçou o que todo mundo já sabe: a falta de investimento durante anos na construção de novos hospitais, principalmente nas regiões mais periféricas de São Paulo.
Resultado: a população mais carente é a que mais sofre com a falta de leitos, Estado e Prefeitura precisaram construir às pressas três hospitais de campanha e ainda seguem com as negociações para aquisição de leitos em unidades particulares.
Assim como em outras regiões populosas da cidade, os moradores da Zona Leste correm atrás de atendimento emergencial em unidades que já estão no limite de sua estrutura física, assim como de sua capacidade clínica e hospitalar.
O Hospital Tide Setúbal, em São Miguel Paulista, se enquadra nesta realidade. A unidade, que foi readaptada para ser um dos centros de referência para o atendimento de Covid-19, mesmo com o remanejamento de alguns atendimentos para outras regiões não está dando conta.
Os pacientes de psiquiatria estão sendo encaminhados ao Hospital Waldomiro de Paula (Planalto) e os de trauma ao Hospital Professor Doutor Alípio Correa Netto (Ermelino Matarazzo). Vale lembrar que estas duas unidades também estão com uma grande procura pelo atendimento emergencial.
Mesmo assim, o Hospital Tide Setúbal não consegue suprir a demanda, que cresce a cada dia. E, dentro desta nova realidade, um fato que vem chamando a atenção do corpo clínico é a faixa etária de contaminação por Covid-19. Um terço dos pacientes tem entre 18 e 49 anos.
Ainda na Zona Leste, o Hospital Santa Marcelina também está no limite. Aliás, há muitos anos a administração vem chamando a atenção do Governo do Estado para aumentar os repasses. Na semana passada, o prefeito Bruno Covas citou o Santa Marcelina como um dos hospitais filantrópicos que fizeram acordo emergencial com a Prefeitura para a ocupação de leitos particulares.
Outro hospital que não está dando conta é o Cidade Tiradentes. Administrado pelo Hospital Santa Marcelina, o distrito causa preocupação pela alta confirmação de casos de Covid-19.
Gargalos também vêm sendo sentidos pelo Hospital Municipal do Tatuapé e pelo Hospital Estadual da Vila Alpina. Neste último, relatos indicam que os casos suspeitos de Coronavírus dobraram nas últimas semanas. Além disso, a unidade recebe pacientes de Sapopemba, um dos bairros com os maiores índices da doença.
OBRAS PARADAS
Enquanto isso, obras que se arrastavam para saírem do papel vão demorar ainda mais. A Zona Leste tem dois exemplos.
Depois de decretar falência, o Hospital e Maternidade Vila Carrão teve o seu prédio abandonado por anos até que passou para a Prefeitura e foi elaborado o projeto intitulado quarteirão da saúde.
A proposta traz vários equipamentos que, consequentemente, poderiam ajudar a diminuir a demanda do Hospital Municipal do Tatuapé. Passaram-se anos e governos e até agora a construção não teve início. Ocorreu apenas a demolição do antigo prédio, recentemente.
Semelhante história acontece em Ermelino Matarazzo. O prédio que abrigou o Hospital Menino Jesus, uma unidade privada que funcionou até a década de 90, no ano de 2014 foi desativada e adquirida pela Prefeitura, para ser transformada em um novo hospital. Mas, até hoje, os moradores seguem no aguardo do início das obras.
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