Moradores de rua têm morrido em decorrência da Covid-19 e, segundo ONGs e trabalhadores do setor social, as medidas da Prefeitura se mostram insuficientes
Diante do novo Coronavírus, que já contaminou mais de um milhão de brasileiros e dizimou aproximadamente 45 mil, um grupo bem específico sofre com a invisibilidade social e as políticas públicas aplicadas: os moradores de rua.
Quem está na linha de frente do combate à Covid-19 e depende do bom funcionamento dos equipamentos assistenciais para atender estas pessoas, revela que essa camada da sociedade não está completamente assistida.
FALTA HUMANIZAÇÃO
É o que sinaliza Alessandro Abrahão, assistente social no Centro de Atendimento Psico Social III (Caps), ao dizer que falta humanização no atendimento, especialmente nesse cenário de pandemia.
“A população em situação de rua se mostra mais vulnerável. Os centros de acolhimento ainda têm uma visão muito política, infraestrutura precária, sobretudo os CTAs, que foram construídos na gestão Doria. São espaços que não foram dialogados com a população, com os conselhos do território e nem com a população usuária. Foram colocados para funcionar em 2018 para uma determinada demanda e hoje são equipamentos sem estrutura, retaguarda e o mínimo de organização para poder acolher de forma humanizada estas pessoas”, relatou Alessandro.
CORTE DE VERBA
Embora a Prefeitura apresente dados que mostram as ações realizadas, na prática se vê que uma parte desta população está morrendo pela ausência de assistência e de políticas públicas que contemplem a todos.
Segundo Robson Mendonça, presidente do Movimento Nacional de População de Rua (MNPR), as medidas tomadas para combater a Covid-19 até agora foram insuficientes e não surtiram o efeito desejado.
“Pelo contrário. Saiu agora um decreto do prefeito cortando o orçamento do serviço social. Isso prejudica todo o trabalho, principalmente nessa época de pandemia. A Prefeitura está cortando pela metade os orçamentos dos serviços. Até o presente momento, sabemos que morreram 38 pessoas em situação de rua”, afirmou o presidente.
Júnior Ivson, Assistente Social de Acolhimento Familiar, do Instituto Fazendo História, também demonstra toda a sua preocupação e faz um importante apontamento: a falta de informações.
“Não estamos tendo acesso aos dados dos infectados, dos internados e das pessoas que receberam alta ou morreram. Quem está cuidando disso? Ou será que vão esconder esses dados?”, questionou Ivson.
AÇÕES
A Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) e do Turismo, informa que tem feito ações nas ruas para coibir o avanço da doença e proteger as populações com maior vulnerabilidade social.
Em entrevista ao podcast Acontece em SP, Douglas Carneiro, Coordenador de Gestão Suas e Secretário Municipal Adjunto da Smads, apontou as medidas realizadas para que a oferta de acolhimento aos moradores de rua fosse garantida.
“Foram abertas vagas emergenciais em parceria com a Secretaria de Esportes utilizando os espaços dos clubes municipais, sendo 672 vagas em oito centros de acolhidas emergenciais no primeiro momento, com dois deles voltados para as pessoas em situação de rua com sintoma ou diagnóstico de Covid. É um trabalho em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde”, explicou.
Discusão sobre post