Apesar de não ser considerado pela Organização Mundial da Saúde – OMS – um transtorno psicológico, certos acometimentos, embora “comuns”, como ansiedade, insegurança e dúvidas, quando em demasia, podem caracterizar um quadro chamado pelos especialistas de “Síndrome do Impostor”.
Também conhecida como “Fenômeno do Impostor”, essa síndrome é caracterizada por uma incapacidade de aceitar o próprio sucesso, em uma falsa ideia de “ser uma fraude” para si e para os outros. “O indivíduo possui dificuldades em reconhecer suas evoluções e conquistas, mesmo em um contexto que as deixe evidentes”, esclarece a psicóloga do Grupo São Cristóvão Saúde, Aline Melo.
Segundo a especialista, embora não seja oficialmente reconhecida como um quadro clínico, ela deve ser avaliada e reconhecida como desordem psicológica por um profissional qualificado.
As pessoas que sofrem com a “Síndrome do Impostor” possuem medo de exposição, intolerância às próprias falhas, dificuldades em lidar com elogios e estão mais propensas a desenvolver quadros de ansiedade e estresse, além de terem a autoestima e a autoconfiança extremamente abaladas.
De acordo com Aline, ambientes de trabalho e acadêmicos podem gerar grande impacto na vida desses indivíduos, pois há forte tendência na autossabotagem por meio de percepções distorcidas e dificuldade em aceitar novos desafios, por receio de ser descoberto como uma fraude.
Ainda segundo a psicóloga, as habilidades sociais também são afetadas, gerando baixo convívio social e maior isolamento.
Essa desordem pode estar relacionada a experiências desde a infância, como excesso de cobranças absorvidas como crenças, e reforçam a dificuldade de fortalecer a autoconfiança, uma vez que o paciente se sabota constantemente.
“O tratamento se faz por meio da psicoterapia, no intuito de colaborar com o paciente no processo de internalizar suas qualidades e competências”, alerta.
O autoconhecimento por meio da autoconscientização desses comportamentos e percepções é uma ferramenta de extremo impacto. “Outro ponto que pode colaborar para uma melhor avaliação e interrupção desse ciclo é a confrontação de pensamentos autossabotadores, de maneira saudável e produtiva, baseado nas evidências positivas percebidas no cotidiano e em seus resultados”, complementa Aline.
Validar e buscar a aceitação de feedbacks sobre suas conquistas também pode ser uma forma de trabalhar diariamente essas percepções, de modo mais racional e técnico. O acompanhamento psicológico ajudará a descobrir quais são seus pontos fortes e talentos, de modo a fortalecê-los, assim como respeitar suas falhas e limitações, reformular o pensamento e compreender que ninguém é perfeito.
Sendo assim, caso haja identificação com um ou mais pontos descritos acima, a busca por um profissional da saúde como mentor é essencial para o direcionamento do paciente, para auxiliar na identificação de gatilhos e reduzir sofrimentos desnecessários.