Aqueles que acompanham as matérias do Desenvolve Itaquera vão se lembrar da reportagem sobre a tragédia ocorrida no feriado de 1° de maio de 2018, quando o Edifício Wilton Paes de Almeida, de 24 andares, no Largo do Paissandu, pegou fogo e desabou.
O episódio colocou em pauta a obra residencial inacabada na Avenida Harry Dannemberg, conhecida como “esqueleto”, que com o passar dos anos se tornou morada para muitas famílias que não tinham onde ficar. Elas durante um bom tempo ocuparam alguns dos andares e viveram em condições muito precárias.
PERIGO IMINENTE
Dava pra ver os tapumes colocados em janelas e nas portas das sacadas, além de roupas penduradas. Depois da tragédia no centro da cidade, uma equipe da Defesa Civil foi até o prédio da Avenida Harry Dannemberg para realizar uma vistoria. Segundo informações obtidas pela reportagem, a situação era caótica.
Foram encontradas trincas e rachaduras, ferragens de colunas expostas, vãos de poços de elevador sem proteção e constatado o risco de queda iminente. Janelas e portas de sacadas estavam sem proteção, fiações elétricas podiam ser vistas expostas em todos os andares, assim como materiais inflamáveis e objetos recicláveis. A situação na parte externa da estrutura também era preocupante.
Um documento foi elaborado e pedia a retirada urgente das pessoas, assim como a notificação do proprietário para tomar as devidas providências quanto à construção.
No último relatório entregue à Subprefeitura Itaquera, mesmo se tratando de uma área particular, de acordo com a Lei 12.608, a responsabilidade é da Prefeitura em desapropriar áreas em risco.
AUTOS DE INTERDIÇÃO
A subprefeitura chegou a informar que foram lavrados autos de interdição determinando a desocupação do imóvel, de intimação e fiscalização com a aplicação de multa, e que em 12 de janeiro de 2018 foi formalizada uma representação criminal para a apuração de crime de desobediência.
A administração municipal acrescentou ainda que, em 9 de março de 2018, houve uma determinação judicial para que os ocupantes deixassem a edificação. A decisão, concluída na mesma data, cita também os proprietários do imóvel para que tomassem as providências efetivas e impedir novas invasões no local. O processo foi protocolado no Tribunal de Justiça.
ENFIM, A DEMOLIÇÃO
Agora, em 2022, chega a informação de que o “esqueleto” está em demolição. No início do ano, uma moradora do entorno notificou a redação sobre a presença de pessoas uniformizadas no topo do prédio. A reportagem entrou em contato com alguns departamentos da Prefeitura, mas naquele momento ninguém soube responder sobre a presença das pessoas e nem o que aconteceria com o prédio.
Neste mês de setembro, outro morador da região entrou em contato dizendo que a demolição estava acontecendo. Entre as imagens encaminhadas, uma mostra a placa da Prefeitura com a seguinte informação: “Obra Emergencial para Demolição Mecanizada do Edifício”. Com isso, chega ao fim a novela do prédio residencial inacabado, mas que ficará para sempre na história de Itaquera.
SAIBA MAIS
O prédio tinha cerca de 40 anos e sua liberação teria ocorrido de forma equivocada, antes mesmo de ser criado o projeto do Parque Linear Rio Verde. A obra foi embargada por estar em terreno inadequado para o seu porte e muito próxima ao Córrego Rio Verde, em área sujeita a alagamentos.
O solo do terreno foi reconhecido por ter uma característica de umidade e, com o tempo, foi constatada, pela Defesa Civil, uma leve inclinação. O órgão estava há mais de 10 anos pedido à Prefeitura uma providência.
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