“… O caminho era passar por Penha de França, alcançar São Miguel, passar por Itaquera através da Estrada Geral, atual Rua Padre Gregório Mafra, seguir pela Rua Monsenhor José Rodrigues Seckler, atual Rua Francisco Alarico Bérgamo, chegando na Avenida Pires do Rio.
Daí podia escolher em seguir para Leste, alcançando Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes e o litoral, ou seguir para Oeste, alcançando o centro de Itaquera e a estação ferroviária, a partir de 6 de novembro de 1875, quando foi inaugurada…
…Interessante de se notar é que segundo o depoimento de vários moradores antigos, até a década de 1950 assistia-se os carros de bois desfilando pela Rua Francisco Alarico Bergamo, transportando mercadorias que seriam colocadas nos vagões de carga do trem que aguardavam na Estação de Itaquera, ou seguiam em tropa para Mogi das Cruzes.”
A aspa inicial é do trabalho que retrata Itaquera na sua mais completa pesquisa e leva o nome de “História e estórias do povoamento e gentes de Vila Sant’Ana e Itaquera – 1644, 1820, 1912, 2012 -”, escrito por Marco Antonio Stanojev Pereira, Antonio Pacheco Pereira e Valquiria Stanojev Coelho Pereira, “Itaquerensis Per Dei Gratia”.
Através de suas de 606 páginas, os autores trazem informações importantíssimas que versam sobre este que é um dos territórios mais importantes da cidade, até mesmo quando nos referimos à própria história de São Paulo.
POVOAMENTO DE SÃO MIGUEL
Entre os relatos está que Itaquera já existia em meados do século XVII. A região passou a ser citada como povoamento de São Miguel, no fim do século XVIII, como território da freguesia da Penha e, por último, como bairro do Distrito de São Miguel Paulista.
Somente pela Lei Estadual número 1756, de 27 de dezembro de 1920, o bairro foi elevado à categoria de Distrito Autônomo, com a criação do Cartório Notarial, de acordo com os escritores.
Eles ainda comentam sobre o nome do bairro e descartam a tradução Pedra Dura. “Ita Quer (Pedra Dormir) ou Taquera (Jazigo de Pedra ou Simplesmente Pedras). O vocábulo relativo à palavra Dura em Tupi é Atã. Portanto esta designação está fora de consideração”.
Com relação à data comemorativa de fundação de Itaquera, ela está baseada na Carta de Sesmaria com a inscrição “Roça Itaquera”, datada de 1686.
“Esta citação está inserida em várias referências modernas, de forma até leviana, do ponto de vista histórico. Contudo, o fato é que há outras cartas de sesmarias com datas até mesmo mais antigas e, pelos dados em consultas que pudemos obter, a data de povoamento de Itaquera está mais próxima do ano de 1644, de acordo com a doação de terras por sesmarias dada a Antonio da Cunha de Abreu, segundo a obra de Pedro Taques e Luis Gonzaga da Silva Leme.”
VILLA CARMOZINA E COLÓNIA JAPONESA
A “Villa Carmozina” e a “Colónia Japonesa” já eram pautas, nas décadas de 20 e 30, dos jornais “A Verdade” (1926) e “O Suburbano” (1931). Naquele tempo a região já supria Itaquera dos gêneros necessários e ainda exportava para as feiras livres da capital o excesso da produção.
Observem que interessante a narrativa – com escrita original – do jornal “O Suburbano”:
“…À margem direita da E. de F. C do Brasil, para quem vae ao Rio de Janeiro, de um lado do Rio Jacuhy, existiam somente terras da fazenda que pertencia ao Sr. Coriolano Pereira Barreto, e que se estendiam até o bairro do Lageado.
Do outro lado do Rio Jacuhy, na mesma margem da Central, existiam apenas terras da fazenda que pertencia à Companhia Commercial Pastoril e Agrícola. E do outro lado da Central do Brasil, terras de Frei Muniz.
Cariolano P. Barreto dividiu uma parte de sua fazenda em lotes de 10.000 metros, vendendo-os à razão de 50 réis o metro, tendo com isso conseguido uma venda rápida a elementos que vieram iniciar o progresso local.
A Companhia Commercial Pastoril e Agrícola, por sua vez, organizou a Villa Carmozina numa área de 50 alqueires, mais ou menos, arruando e dividindo em lotes, a prestações, tendo sido também um dos maiores factores de progresso nesta localidade.
Essa Companhia fundou também a Colonia Nipponica, tendo vendido seus terrenos a japonezes.
Essa Villa é hoje habitada por brasileiros, allemães, italianos, portuguezes e outros, todos se dedicando à pequena lavoura. E colhem com abundancia tomates, morangos, fructas, ovos, etc., sendo de se admirar que só esta Villa, com os seus pequenos agricultores, tenha produzido no anno agrícola 1929-30 a importância de 300 contos de réis.
As habitações, em sua maioria em bom estylo e boa construção, são em numero 1.300. Só na Villa Carmozina existem 548 casas. Possue também muitas chácaras que muito produzem, mas que foi impossível recensear.
Os recursos de Itaquéra podem se contar entre: grupo escolar, collegio, igreja, pharmacia, medico, telephone, armazéns bem sortidos, leiterias, padarias, feira livre aos domingos, e outras, que extenso enumerar. Alugueis baratos e abundancia de fructos e legumes.
Além do que acima apontamos resumidamente, existem ainda muitas olarias, uma pedreira, sociedades esportivas e recreativas, e outros recursos trazidos pelo progresso, segundo os dados que formos colhendo”.
VILLA E PARÓQUIA SANT’ANNA
A rica pesquisa do livro traz documentos, fotos e relatos que vinculam a fundação da Villa Santa’Anna como primeiro povoamento de Itaquera. Isso em 1820, através da citação de um pouso para viajantes chamado de Casa Pintada.
Tem até uma foto da Aquarela de Jean Baptiste Debret, datada de 1827, com a referência do “sítio para descanso de tropeiros, próximo do Córrego Itaquera (Rio Jacu)”.
Observem que interessante esta passagem:
“Foi o Coronel Francisco Rodrigues Seckler o fundador da Vila Santana, através de um loteamento iniciado por ele, pela fusão de três glebas de terras contíguas adquiridas por ele em 1912…
…A igreja de Vila Santana foi construída pelo próprio Coronel Seckler e doada a Curia Metropolitana de S. Paulo, em cumprimento de uma promessa feita pelo Coronel e sua mulher Dona Brasília Teixeira Seckler, pelo restabelecimento da saúde de uma de suas filhas, Dona Anna Teixeira Seckler, conhecida como Dona Neca.
No próprio loteamento o Coronel tinha uma olaria e, os tijolos ali fabricados, eram doados aos compradores de terrenos, para construírem suas casas e assim povoarem o local.
Muitos lotes foram doados e devidamente escriturados, e um fato curioso é que encontraram um macaco preso nos ramos de uma árvore e um artista o retratou, publicando o desenho em um jornal da época.
O Dr. José Teixeira Seckler, filho do Coronel, foi casado com Dona Maria Stamato Bergamo Seckler, filha de Francisco Alario Bergamo e dona do laboratório que funcionava em parte da residência do casal, localizado entre a esquina da Av. Pires do Rio com a antiga Rua Monsenhor Jose Rodrigues Seckler, que era irmão do Coronel Seckler, atual Rua Francisco Alarico Bergamo…”
FAMÍLIAS E COMÉRCIOS
Segundo o livro “História e estórias do povoamento e gentes de Vila Sant’Ana e Itaquera” – o interesse na expansão das periferias de São Paulo era estratégico devido a chegada de migrantes de várias regiões do país e imigrantes de diversos países da Europa e Ásia. Desta forma, o desmembramento e venda de lotes era um grande negócio para os proprietários de terras.
Naquela época, o deslocamento já era discutido:
“…Um dos problemas era o transporte e o acesso às novas áreas. Neste quesito, Itaquera também foi beneficiada, pois contava com a estação de trem desde 1875, inaugurada inicialmente com o nome de Parada de São Miguel, devido ao fato que esta era a povoação mais próxima, segundo documentos oficiais da Companhia de Estrada de Ferro Central do Brasil.”
A narrativa continua:
“…Assim foi que, nas primeiras décadas do século XX iniciou-se o loteamento de grandes regiões em Itaquera, de um lado as terras de Francisco Rodrigues Seckler e, de outro, as terras que formavam a Fazenda Cagassú, de propriedade da Ordem dos Carmelitas Fluminenses, com sede no Rio de Janeiro, e que depois foi comprada pela Companhia Commercial Pastoril e Agrícola, de propriedade do Coronel Bento Pires de Campos, dando origem ao loteamento da banda Sul de Itaquera, que compreendia a Villa Carmozina e a Colónia Japonesa.”
ESTAÇÃO E COMÉRCIO
“…A estação e a linha de trem dividiam Itaquera em duas. O lado de baixo, sentido Roosevelt-Brás, é a parte mais antiga. E, do conjunto histórico e arquitetônico que formava a estação de trem, ainda resiste de pé a casa do Chefe da Estação, que foi erguida somente após a construção da estação, por volta de 1924 a 1926.
Na cercania, próximo à estação, se concentrava o forte comércio da região, contando com a Grande Padaria Gaspar, o Cine Itaquera, a serraria, de propriedade da Família Faysano, a sorveteria do alemão Sr. Germano, ponto de encontro dos jovens da região, o açougue do Sr. Barreto, e a barbearia ‘Salão Azul-Imóveis’ do Sr. José Mussolino, onde no mesmo local, tempos depois, foi instalada a Padaria ‘Vencedora’.
Na Avenida Pires do Rio, importante rota de ligação entre Itaquera e São Miguel, havia o Bar Snooker, ponto de encontro e distração dos jovens e adultos da redondeza, a casa do Sr. João Dentista, a lavanderia do japonês Sr. Isamu Tomita, e a casa do Correio.
NIFE E OUTROS ESTABELECIMENTOS
“…Também nesta avenida no centro de Itaquera há, ainda, nos dias de hoje, em pleno funcionamento, a primeira grande fábrica construída na região, na década de 1946, a ‘Acumuladores Nife do Brasil’, de origem sueca. Esta empresa empregava na época grande parte dos moradores do bairro e, de sua linha de produção saiam as baterias para navios, automóveis, etc.
Caminhando por esta rua, sentido São Miguel, havia outra padaria, a ‘Santa Helena’, de propriedade do Sr. Roberto, e próximo erguia-se a grande casa dos Mendonças, antiga família de contabilistas da região e, em frente a ela, a casa do Sr. Germano, de nacionalidade alemã.
Nas proximidades da Nife havia pequenas olarias, como a do próprio Cel. Seckler e do Sr. Guido, que supria de tijolos e telhas as necessidades da região, bem como forneciam materiais para as construções na capital, que seguiam nos vagões de carga da Maria Fumaça…”
OLARIAS E CHÁCARAS
“…As olarias eram instaladas na região, aproveitando o barro especial para este fim, e devido a esta característica, os moradores da ‘Itaquera de Baixo’ recebiam a alcunha de ‘Turma do Barro Preto’, ‘Pés de Barro’ ou ‘Pés Preto’.
Muitos dos terrenos eram chácaras que possuíam suas hortas, criação de animais de corte e tração, e pomares. Nesta sequência do centro de Itaquera para a Vila Santana havia as chácaras do Sr. Aguilari, dos Bevillacqua, Sr. Abidias Tavares, a chácara dos Carvalhos, a casa do tenente Navarro, a chácara do Teléco, enfim, todas elas usavam como cercas enormes ciprestes, cuja circunferência dos troncos era de cerca de 1,75m. Para abraça-los, duas ou três pessoas tinham que dar as mãos…”
O POÇO QUE ACABOU COM O CAMPO
“…Este último, o Teléco, jogava no time de futebol do ‘Itaquera Futebol Clube’, que tempos depois foi refundado com o nome ‘Santana Itaquerense F.C.’, um dos primeiros clubes de futebol da região.
Este rapaz, aborrecido com os dirigentes do clube por ter sido retirado do time por falta de ‘técnica’, comprou o terreno do meio do campo de futebol onde o time jogava, mandou furar um poço de água e uma fossa, e cercou sua propriedade acabando com o campo.
Ainda na Vila Santana, a partir da chácara do tenente Navarro, havia uma chácara com uma grande e bela sede construída, de propriedade do italiano Sr. Manocchio, que ocupava toda uma quadra entre as ruas Palmarino Calabrez, Carolina Fonseca, Rua Jataizinho e Francisco Rodrigues Seckler.
Como um bom italiano que era, tinha uma grande plantação de uvas, destinadas à fabricação de vinho. Neste terreno hoje está construído um dos orgulhos de nossa região, o Liceu e um dos Campos da Universidade Camilo Castelo Branco, cuja direção teve o cuidado de preservar íntegra a sede da chácara em toda a sua beleza original…”
CARTÓRIO DE PAZ
“…Na Rua Francisco Rodrigues Seckler, do lado oposto a chácara do Sr. Manocchio, erguia-se a grande casa ‘Vila Maria’, que primeiro foi a sede do Cartório de Paz de Itaquera, em 1931, e depois foi residência da família Afonso Pena, uma maravilha da arquitetura do início do século passado, mas que não resistiu aos golpes da marreta do progresso, para dar lugar à um conjunto de sobradinhos.
Continuando a direita na mesma rua e descendo-a, havia as casinhas geminadas utilizadas pelo Cel. Seckler como escritório imobiliário, seguida da propriedade do Sr. João Rodrigues. E, por último, na esquina, o edifício construído para comércio, cujo proprietário Sr. Gino Tambeline, cedeu para abrigar a sede do Santana Itaquerense Futebol Clube, fundado em 1957 pelo Sr. Astrogildo Pereira e o português Sr. José Coelho, além de outros companheiros de futebol.
EMPÓRIO
“…Na Rua Francisco Rodrigues Seckler há uma travessa, ao lado esquerdo da Igreja Santana, onde havia 2 casinhas, do tipo edícula, uma ligada a outra que diziam ser a casa do sacristão e a do padre.
Ligadas às casas, havia uma construção maior, em bom terreno, dotada de cocheiras, servida por uma entrada de quase 4 metros e protegida por um forte e grande portão de madeira. O terreno onde existia este salão, com uma casa contígua, era de propriedade do Sr. Gino, que mais tarde vendeu a propriedade para a Dona Águida, de nacionalidade húngara.
Tempos depois ela veio a alugar o imóvel para o português Sr. José Coelho, que vinha da Mooca com sua esposa, a romena Dona Julia Stanojev Coelho e filhos, onde instalaram um empório no ano de 1950, data que chegaram em Itaquera.
Pelo grande portão de madeira, passava a carroça e o cavalo utilizados como transporte e entrega de mercadorias aos fregueses e por onde entrava a junta de bois, com as cargas de lenha e mercadorias que supriam o empório de secos e molhados.
A venda funcionou por 25 anos seguidos, quando em 1975 passou o ponto para seu futuro genro, José Augusto Nunes Grilo, também português, da província de Figueira da Foz…”
CHICO PEIXEIRO
“…Em seguida, na esquina entre as ruas Francisco Rodrigues Seckler e Miranorte (antiga Caio Alegre), havia uma casa de esquina de propriedade do espanhol Francisco Roldan (Chico Peixeiro), construído por ele próprio e que se destinava ao comércio.
Ao lado, moravam as irmãs espanholas Dona Clotilde e Luiza, responsáveis pelo trato das roupas e paramentos dos sacerdotes, e de Bernardo e Tomás, ambos sacristãos.
Seguindo ainda, já quase no fim da rua, havia a chácara de 2.000 metros quadrados cuja construção data de 1905 e ainda resiste em todos os seus traços originais.
Continuando a descer a Rua Francisco Rodrigues Seckler, sentido São Miguel, chegava-se à casa de Dona Carolina, depois a do Sr. Costabille Giannella e sua esposa Dona Ercília (Ciloca), e depois à casa do Sr. Miguel Guerreiro.
Ainda vizinho à igreja morava o Sr. Carlos Cinti, de origem italiana, e sua esposa Dona Leonor, e onde ainda mora parte de sua família. Em seguida, era a casa do Sr. Valdomiro, funcionário ferroviário da Central do Brasil e sua esposa, Romilda…”
O SAPATEIRO
“…Depois chegamos no local onde havia o terreno e a casa do Sr. Luiz Pepe, um excelente sapateiro, que mais tarde serviu como a penúltima sede do Santana Itaquerense Futebol Clube, que hoje dá lugar a um conjunto de sobrados.
Atravessando a Rua Marcos Parente, mantendo-se ainda na Rua Francisco Rodrigues Seckler, chegamos em 2 casas construídas em 1952: a do Sr. Nicola Riveline e Dona Maria ‘Manca’, avós de Clodomiro Riveline, o ‘Quito’, hoje um dos maiores escultores domiciliados na cidade turística de Embu das Artes, interior de São Paulo.
Em seguida havia a chácara de propriedade da família Mercier, de origem francesa, vizinha da família Chamas, originária da Turquia. Depois, a residência da família Capano, de origem italiana, e após a casa da família Nakamura.
Seguindo temos a casa do Sr. Antonio Bananeiro, um senhor viúvo, pacato, bonachão, que tinha sua carroça e seu cavalo branco ‘Manhoso’ e um cachorro mestiço com pastor como companheiros, sem contar com o cantar dos pássaros ‘Anús’, o coachar dos sapos e rãs do brejo e do rio que ficava ao lado…”
BREJO, ARGILA E TIJOLOS
“…Esta casa e a do Sr. Miguel Guerreiro eram as últimas casas da rua, onde uma porteira fazia limite com um brejo. Este brejo era uma região alagada periodicamente pelas cheias do Rio Jacu, e de onde os irmãos Ciro e Duirdo retiravam a argila que enchiam suas carroças puxadas por burros, e depois era levada para sua olaria, onde outros animais tratavam de girar as rodas das pipas para amassar o barro. Assim eram batidas em formas, empilhadas e, levadas ao forno de onde saiam lindos tijolos vermelhos.
Esse brejo estendia-se à esquerda, fundo das citadas propriedades por toda a margem do riozinho Jacu, até os terrenos das olarias. E, neste local, mais tarde, em 1957, foi feita a ponte para se atravessar o rio e chegar no Campo do Santana I.F.C.
Era uma pinguela58 feita com dois troncos não muito grossos, que servia para o pessoal que morava na fazendinha passar para chegar até a Vila Santana, caminho de passagem para as venda, igreja, estação, etc…”
O POÇÃO
“…Afastado cerca de 30 metros da ponte, havia o Poção, uma lagoa larga e funda onde a criançada nadava.
Nesta fazendinha, em uma grande e magestosa casa de 8 cômodos, que por muitos anos achamos que fosse a sede da Casa Pintada, morava a família do Carlito, Geraldo, sua mãe e irmãos, e havia várias árvores frutíferas como caqui, pêssego, goiabas e muitas peras.
Nesta propriedade também havia uma pequena casa de tijolos rebocada, onde morava, desde meados de 1935, a ‘Nêga’ Joana, como era chamada, uma senhora não muito velha, forte, resoluta, muito trabalhadora e que sempre dizia que não levava desaforo para casa.
Depois da fazendinha, naquela região e muito longe das outras casas, havia a casa da Dona Beatriz, uma negra esbelta com seus 50 anos, que fazia diariamente o caminho de sua casa até a Vila, e vice-versa, para pegar roupa para lavar e, entregar para seus clientes, cerca de 3 km de várzea.
Voltando até a encruzilhada, vindo da Rua Carolina Fonseca, frente à olaria do Guido Mangine, pelo lado esquerdo da rua, a casa grande da chácara do Sr. Augusto Leite e sua esposa Dona Cândida, ainda existente.
Atravessando a rua na encruzilhada pelo lado esquerdo (Rua Miranorte) há a casa do Rubens Ferreira, cuja alcunha era ‘orelha de cabra’ e a bela casa de Seu Luiz, na esquina, inclusive com piscina desde 1930, quando foi construída.
Seguindo nesta rua, depois de um terreno vazio na esquina, havia a casa da família Abreu, cuja patente era Cabo, depois Sargento, da polícia Militar de São Paulo, terminando a rua com a casa onde moravam a comadre e compadre ‘Caipirinha’, que fazia fronteira com mais terrenos vazios e brejos…”
BILHETERIA DOS CINEMAS
“…Ainda na Rua Francisco Alarico Bergamo havia a casa da família Rodrigues, onde o Sr. Mário, que era funcionário da companhia cinematográfica ‘Columbia Pictures’, usava um reloginho de controle de pagantes na bilheteria dos cinemas. Com o total de pagantes, preenchia um relatório, o qual era enviado para a empresa, que depois efetuava o pagamento pelas exibições realizadas.
Além deste, residiam nesta rua, sentido São Miguel, o Sr. Zé Perfume e família, Dona Iracema e família, a Família Saraiva, a família Paes dos Anjos, a Família do Botoca, da Dona Rosa, a Família Olímpio, a família do Dito Mineiro e a da família de japonêses Nakamura…”
CHÁCARA NAKAMURA
“…A região próxima à igreja de Sant’Ana era de relativa maior densidade demográfica da Vila, pois era próxima da Estrada ou Via Geral, que ligava São Miguel ao Centro de Itaquera.
Em toda a área compreendida após o rio, havia apenas a chácara do Sr. Nakamura, nada mais. Era uma grande gleba até a rua da ponte sobre o rio, que era feita de toras paralelas, dando a um lugar que era chamado de trampolim, largo e fundo, onde as crianças nadavam.
O lugar continuou sendo frequentado até mesmo depois da construção da Av. Imperador, que somente foi existir até a Pires do Rio em meados de 1968-1869.
A Rua Francisco Alarico Bergamo chamava-se antigamente Rua Monsenhor Seckler, homenagem ao irmão do Coronel Seckler, e se estende da Av. Pires do Rio até a Av. Imperador…”
ÁRVORES FRUTÍFERAS, VERDURAS E TEMPEROS
“…Na esquina com a Av. Pires do Rio, onde hoje está instalado o escritório regional da OAB-Itaquera, havia uma chácara muito grande, com muitas árvores frutíferas como caquis e jabuticabas e, no outro extremo, na esquina com a Av. Imperador, havia a chácara do Sr. Henrique Alemão, também dotada de grande pomar e hortas com plantações de verduras e temperos.
Como podemos ver, a região era composta por pequenas chácaras de subsistência, onde pequenas criações e lavouras faziam parte do dia a dia dos moradores e, quando a propriedade não produzia determinado artigo, costumava-se adquirir com o vizinho, e o pagamento podia ser em dinheiro ou em bens diversos, inclusive o escambo, o que não era incomum.
Desse ponto em diante pelo lado direito não havia nesse tempo casa alguma, até a Rua Rainha da Noite, que a cruza, já próximo da Av. Imperador.
Próximo desta chácara, morava a Dona Joana, uma senhora alta, forte e simpática, muito esclarecida. Quase em frente a esta chácara, tinha uma outra casa grande que morava a família do Sr. Clementino.
Por essas ruas, picadas e atalhos é que se ia cortando caminho para São Miguel e, quebrando para a esquerda, sentido Leste, ia para o Itaim, lugar de pesca e caça, principalmente de rãs.
Era um local muito bonito, gostoso e procurado pelas famílias para piqueniques, pois havia bonitas lagoas e lindos campos e bosques…”
PESCA NO RIO VERDE E JACU
A cada página reina a imaginação de como a região era incrivelmente arborizada e sustentável. Confira no depoimento:
“…Neste tempo era possível pescar em todos os rios, como o Rio Verde e o Rio Jacu. Eram abundantes os peixes como lambaris, carás ou acarás, mandis, bagres e, à noite, era a hora de se pescar traíras, camarões, caranguejos, enguias e até cágados…”
PADROEIRA DE ITAQUERA
Itaquera era conhecida com as alcunhas “de Cima”, com sede na Igreja do Carmo, na Vila Carmozina e, “de Baixo” com sede na Igreja Sant’Ana, na Vila Santana. Esta divisão era verificada nos times de futebol existentes e na organização social e política da região:
“…Há uns cinquenta annos, quando a Estrada de Ferro Central do Brasil passava nas terras hoje Itaquéra (…) fora creada uma parada que servia de Estação mais proxima de São Miguel.
De um lado da Estrada de Ferro, ficava um extremo da Fazenda Caguassú pertencente aos Carmelitas do Rio de Janeiro e de outro lado com terras da Fazendinha pertencentes ao Sr. Rodrigues Barreto.
Há uns 17 annos foram vendidas em partes estas ultimas terras (…) e há uns 11 annos foi vendida a Fazenda Caguassú à Cia. Commercial Agrícola Pastoril, que a retalhou em lotes, sendo até hoje vendidos a prestações, e tomou o nome de Villa Carmozina.
Mas os vizinhos desta fazenda há uns dois annos antes do contrato de compra e venda tinham construído uma Capella em louvor de Nª.Sª. do Carmo, fazendo trazer uma pequena imagem que se achava na séde da Fazenda, sendo mais tarde trocada por uma outra maior indo a primitiva, novamente, para a séde da Fazenda onde ainda hoje, se venera neste mesmo lugar. (…)
Há uns 7 annos com o augmento da população trataram de levantar uma Igreja em lugar da Capella, com uma área maior cedida pelos Padres Carmelitas e consentimento da Companhia Pastoril e Agrícola, e para isto, o Revmo. Pe. Antão Jorge, Vigario da Penha, nessa ocasião nomeou uma commissão com os seguintes senhores Miguel Mastrocola, presidente; David Ferreira, secretario; Americo Salvador Novelli, thesoureiro, Cosmo Francisco, Manoel Carneiro Barreto, Sestilho Milani, Mano de Godoy, José Xisto, Antonio Travesano, Angelo Costa Gomes, Marcello Novelli, Francisco Gianetti e Antonio Monocchio, que fora provisionada pela Curia, registrada, liv. 8 de Registro, fls. 146 e assignada pelo Revmo. Vigario Geral Monsenhor Pereira Barros em 11 de Fevereiro de 1925.
Dado início as obras com donativos por subscripções e festas, em breve foram levantadas as paredes, sendo interrompidas por falta de verba. Graças aos esforços dos Srs. Miguel Mastrocola, Americo Salvador Novelli, Lucio Ferreira, Jorge Andrade e mais tarde Sabbado D’Angelo e outros dedicados catholicos, poude ser inaugurada a Igreja há uns 5 annos.
Contemporaneamente os habitantes do bairro de Sta. Anna, resolveram levantar também uma Igreja em lugar da Capella, dado início, acham-se hoje adeantadas as obras sendo inaugurada uma parte em 06 de Janeiro de 1930.
Com os sempre augmento da população fora necessário para attender aos sentimentos religiosos crear uma parochia com seu respectivo vigario e foi o que em boa hora fizera o Exmo. Snr. Arcebispo Metropolitano D. Duarte Leopoldo e Silva, no dia 13 de dezembro de 1928 e escolhendo para Vigario o Revmo. Pe. José Bibiano de Abreu, que tomou posse da Parochia no dia 23 de Dezembro do mesmo anno. (…)
No primeiro anno de Parochia: Itaquéra ficou dotada de diversas associações como o Apostolado da Oração (secção masculina), (…). O Apostolado da Oração (secção feminina) (…). Pia União das Filhas de Maria, (…). Associação Escoteiros Catholicos e Bandeirantes Catholicas e União de Moços Catholicos, que foram substituídos pela Congregação Mariana de Nª. Sª. do Carmo e S. Luiz de Gonzaga (…).
Nesse mesmo anno precisando a Igreja Matriz de uma reforma, encontrou o Revmo. Vigario na pessoa do sr. Sabbado D’Angelo um coração generoso que se prontificou a custear as despesas que importaram 180:000$, sendo inaugurada a actual Igreja Matriz, com sua Imagem nova (que illustra esta folha) a 17 de Fevereiro de 1930 com estrondosa festa que ainda está calada na memória de todos os parochianos de Itaquéra. (…)
Graças á boa vontade e esforços de alguns parochianos maxime dos srs. Dr. Alvaro Mendonça e sr. Marcello Novelli, o Vigario poude inaugurar a Capela môr da futura Igreja de Nª. Sª. Apparecida de Itaquera no dia 11 de Maio do corrente anno. (…)
A ORIGEM DA EGREJA DE N. S. APPARECIDA DE ITAQUERA
Para festejar, em 1914, o acabamento da confortável vivenda que mandára construir nesta localidade, o Sr. Augusto Carlos Baumann dera uma festa na vespera de São Pedro, a qual afluiram muitas famílias da Capital.
No meio da alvoroçada alegria dos convivas, por occasião do fincamento do mastro todo enfeitado de flores e de laranja e encimado pela effigie do velho apostolo, algumas moças, dentre muitas, se destacaram pelo carinho com que ajudavam a soccar a terra ao pé do mastro, para melhor firmalo.
E como, nas nossas tradições brasileiras, as moças que ajudam solicitamente a erguer o mastro com as figuras dos santos, nas noites de S. João e S. Pedro, são tidas como casadoiras, não faltaram os gracejos dos convivas em que se apontava entre risos e protestos esta ou aquella senhorita como sendo a mais anciosa pelos ‘banhos de egreja’…”
“…Servida a lauta ceia, a construção de uma egrejinha voltou á baila e a verdade é que a idéa, partida de uma foi tomada ao serio e logo pensaram em tornal-a realidade.
Mas construila aonde, em que terreno?
Consultado o antigo proprietário daquellas terras, sr. Coriolano Pereira Barreto, sobre a possibilidade de obter-se uma área de terreno para o almejado fim, elle se promptificou a dala condicionalmente.
Não dispunha, entretanto, de terreno senão muito distante, pelo que o sr. Baumann se comprometteu a permutar a quadra que possuia sob n.17 por outra mais longe, afim de que a egreja se fizesse.
A condição estabelecida pelo sr. Barreto consistia em só doar o terreno a uma entidade que tomasse o encargo de levantar uma egreja, de construir uma escola e de cuidar da praça.
Alvitrou-se então a idéa da constituição de uma associação religiosa á qual fosse doada a alludida área de terreno.
Vencedora a idéa da organização de uma associação religiosa, era preciso escolher-se um padroeiro. Não foi difficil a tarefa.
Procedendo-se em casa do mesmo sr. Baumann á enthronização do Sagrado Coração de Jesus, foi consultado o padre que fez a enthronização sobre a escolha. Tirando do “breviário” uma collecção de pequeninas estampas de santos, elle as virou para baixo e pediu a um dos membros da familia que tirasse uma estampa e o santo que ella representasse seria o padroeiro da nova egreja.
Fez-se de accordo com o sacerdote e, entre aplausos, foi anunciado que a padroeira ema Nª. Sª. da Conceicão Apparecida.
Constituiu-se, assim, a “Associação de Nª. Sª. da Conceicão Apparecida, de Itaquéra, á qual foi doada uma área de terreno com 10.000 metros quadrados, conforme Carta de doação que se encontra em poder de um dos membros da ‘Associação’.
Concluído o alicerce da egreja, não foi possível no momento prosseguir nas obras. A grande guerra européa augmentava de proporções dia a dia e o futuro cada vez mais se apresentava sombrio. As contribuições dos associados diminuiam de mez a mez e de nenhuma outra parte surgia qualquer auxilio.
Foi em tal situação que a maioria dos associados lembrou-se de apressar a doação, que mais tarde teria de ser feita á Curia Metropolitana, da nova egreja, na esperança de que com mais facilidade pudesse ser levada a bom termo a sua construcção. A Curia, entretanto, nada poude fazer devido, principalmente, á falta de um padre effectivo na localidade a ao fallecimento de diversos fundadores da ‘Associação’.
Criada a parochia de Itaquéra, o seu operoso vigario, padre José Bibiano de Abreu, solicitou a pregação da santa missão nesta parochia no anno passado, vindo a saber, nessa occasião, da existencia dos alicerces da egreja de Nª. Sª. Apparecida, de Itaquera. Organisou então imponente romaria á formosa collina onde se assentam aquelles alicerces, e para perpetuar a pregação de santa missão cravou um cruzeiro junto aos mesmos.
Decorridos alguns mezes, o mesmo vigário se lembrou de festejar este anno o aniversario do apparecimento da Santa no rio Parahyba, no dia 11 de maio, com o levantamento da capella mor da nova egreja.
Contou, para isso, com a boa vontade de seus parochianos e dentro de poucos dias a capella estava erguida, celebrando-se precisamente no dia 11 de maio último a primeira missa, assistida por grande numero de pessoas, todas ellas possuidas de um mixto de alegria e de emoção que tanto realce e brilho deram a solenidade.
A divisória entre as duas Itaqueras era a linha do trem e, mesmo o primeiro padre designado para cumprimento dos Ofícios das Missas, Padre Bibiano, era disputado entre as três comunidades.
Como dito anteriormente, com o loteamento das fazendas e a reserva de uma região destinada a produção rural, chamada de “Colônia dos Japoneses”, migrantes de várias regiões do Brasil e imigrantes de muitas partes do mundo vieram para Itaquera, povoando-a. Portugueses, Romenos, Italianos, Japoneses, Húngaros e Espanhóis, foram alguns dos pioneiros das Itaqueras que deixaram sua semente e estas, frutificaram em seu solo.
Da união e miscigenação destas culturas, nasceu um povo que não teme as intempéries políticas e sociais, que vez em quando varriam e varrem a região. Basta ver a quantidade de organizações sem fins lucrativos que assumiram para si a missão de melhorar a vida dos 123 habitantes, que escolheram o bairro para estabelecerem suas raízes e história…”
A CHEGADA DA LUZ ELÉTRICA
“…Quem vê Itaquera hoje, com uma ampla rede de transporte, comércio e serviços, não imagina que a luz elétrica chegou aqui somente na segunda metade do século passado, embora era prometida e planejada pela empresa “Light and Power” desde 1927, conforme artigo publicado no jornal “A verdade”, nº10 e no “O Suburbano” nº13, de 1931, respectivamente.
‘O povo itaquerense está animado com a noticia corrente, de que em breve teremos aqui a Light dando a luz. O Catão disse-nos que isto é um facto, o que confirmam os mais da commissão incumbida de pleiteala perante a senhora d. Light. Oxála que se torne em realidade este optimismo da digna commissão.
Soubemos, de fonte autorizada, que até o fim do anno teremos installada em Itaquéra a luz electrica. Não obstante terem sido proteladas as varias promessas feitas, parece ser esta veridica, sendo-nos allegado, em defesa dessas protelações, a baixa do nosso cambio, causando o encarecimento exhorbitante de tódo o material, bem como vários serviços forçados a que a Light tem tido que attender.
O orçamento e o projecto acham-se promptos, que foram bastante dispendiosos para a Companhia, facto que assegura, por si mesmo, ser realmente cumprida a promessa, embora tenhamos que esperar mais alguns mezes’…”
Realmente a promessa foi cumprida em alguns meses. A exatamente 240 meses, ou 20 anos, no dia 25 de agosto de 1951. Contudo, a Colônia Japonesa precisou esperar mais três anos para desfrutar deste benefício.
CEMITÉRIO DE ITAQUERA
Uma outra preocupação que aborrecia os itaquerenses: a falta de um cemitério próprio. Para sanear este problema, veio em socorro às necessidades do bairro o Coronel Bento Pires de Campos, que cedeu um terreno para ser instalado o Cemitério de Itaquera.
“…O povo Itaquerense, por nosso intermédio, pergunta aos poderes públicos em que ponto está a construcção do cemitério daqui. É sabido que o benemerito Sr. Coronel Bento Pires de Campos deu o terreno necessário para a edificação do nosso Campo Santo. Urge pois, que o Sr. subprefeito e o Directorio Politico Local empreguem o maximo dos seus esforços junto ao Sr. prefeito para a construção deste importante melhoramento…”
Dois meses depois, o mesmo jornal trazia um artigo informando que as obras seriam iniciadas e, com isso, o itaquerense não iria precisar “bater à porta do vizinho para pedir abrigo para seus entes queridos”. A inauguração ocorreu no ano de 1929.
E TEM MUITO MAIS
Sim. A preservação da história é realmente extraordinária neste trabalho. Todos os créditos e méritos se devem aos idealizadores Marco Antonio Stanojev Pereira, Antonio Pacheco Pereira e Valquiria Stanojev Coelho Pereira.
Também deixamos aqui o nosso agradecimento à Maria Zélia, do Conseg Parque do Carmo, que fez a conexão do Desenvolve com este intenso conteúdo.
Contamos até aqui uma pequena mostra da riqueza de informações contidas neste livro. Se já está interessante, imagina o relato das próximas 500 páginas!
Estas passagens vêm somar as demais publicadas pelo Desenvolve. Confira acessando os links:
https://desenvolveitaquera.com.br/2020/11/11/voce-conhece-a-historia-de-itaquera/
https://desenvolveitaquera.com.br/2020/09/10/itaquera-e-os-migrantes-nordestinos/
https://desenvolveitaquera.com.br/2020/07/04/seu-nininho/
https://desenvolveitaquera.com.br/2020/05/23/itaquera-correndo-para-o-futuro/
https://desenvolveitaquera.com.br/2020/01/24/a-igreja-do-carmo-e-sua-relacao-com-itaquera/
https://desenvolveitaquera.com.br/2020/01/09/historias-de-itaquera/
https://desenvolveitaquera.com.br/2019/12/02/o-casarao-da-sabbado-dangelo/
https://desenvolveitaquera.com.br/2019/10/25/vem-ai-mais-um-aniversario-de-itaquera/