Quando comecei minha jornada na advocacia, os processos ainda eram impressos em papel almaço, os protocolos exigiam fila no fórum e os prazos eram controlados com agendas físicas e post-its coloridos. De lá pra cá, vivemos uma verdadeira revolução: o processo eletrônico, a assinatura digital, o peticionamento remoto. Mas nenhuma mudança foi tão impactante quanto o surgimento da Inteligência Artificial (IA).
Se antes a tecnologia era apenas uma ferramenta de apoio, agora ela começa a transformar a essência das profissões — e o Direito não é exceção.
De forma simples, a Inteligência Artificial é a capacidade de máquinas “pensarem” ou tomarem decisões com base em grandes volumes de dados. Isso não significa que os robôs vão nos substituir, mas sim que eles estão aprendendo a executar tarefas repetitivas com mais velocidade e precisão.
No Direito, essa transformação já é realidade. Softwares jurídicos com IA analisam contratos em segundos, revisam jurisprudência, sugerem argumentos e até auxiliam na redação de petições. Algo impensável duas décadas atrás.
A advocacia não vai acabar, mas vai se transformar profundamente. O profissional que souber se adaptar à IA terá uma carreira mais estratégica, analítica e focada no que realmente importa: resolver o problema do cliente com inteligência e criatividade.
A IA cuida da parte mecânica. O advogado cuida da estratégia, negociação, empatia e ética — atributos que a tecnologia ainda não é capaz de replicar.
Além disso, o impacto vai além da advocacia. Espera-se que a IA contribua para um Judiciário mais célere, decisões mais uniformes e acesso à Justiça mais amplo, inclusive para quem antes não podia contratar um advogado. Serviços de orientação jurídica gratuita com base em IA já estão sendo testados em outros países. O Brasil também seguirá esse caminho.
Mas, com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades. É preciso transparência, supervisão humana, proteção de dados e responsabilização por erros. A OAB, o CNJ e outras instituições já estão discutindo diretrizes para garantir que a tecnologia seja uma aliada — e não uma ameaça à Justiça.
A advocacia não será extinta, mas redesenhada. E os profissionais que entenderem isso estarão em destaque nesse novo cenário.
A IA veio para ficar. O futuro é agora. E ele não vai esperar.
Thiago Massicano, especialista em Direito Empresarial e do Consumidor, sócio-presidente da Massicano Advogados e presidente reeleito da OAB Subseção Tatuapé. Acompanhe outras informações sobre o Direito Empresarial e do Consumidor no site www.massicano.adv.br, que é atualizado semanalmente.
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