Em comemoração ao mês de combate à LGBTfobia, fui convidado pelo Senac Itaquera à compartilhar minha experiência como um estudante transgênero. O que eu posso dizer é que, crescer sendo diferente, não é fácil.
O início da minha transição foi conturbado. Eu demorei para entender o que estava por vir. Eu não conseguia me ver em um relacionamento ou simplesmente usando as roupas que eu sempre amei. Mesmo assim, não parecia justo largar tudo para trás e
renunciar a quem eu sou de verdade.
O ambiente escolar sempre foi um dos espaços que mais me despertava gatilhos. Mesmo estando em contato com pessoas tão diversas, a impressão que eu tinha era de que as coisas nunca iriam melhorar. Ambientes institucionais, então, ainda que fugissem do padrão "escola", me causavam arrepios.
A verdade é que ser uma pessoa transgênero, com estilo alternativo e no espectro assexual, passando pelo ensino fundamental e médio, foi realmente aterrorizante. Eu me sentia deslocado, assustado e, muitas vezes, não conseguia enxergar um futuro à minha frente.
Quando iniciei meu curso no Senac Itaquera e me vi voltando ao ambiente escolar, me
assustei com a ideia de reviver tudo outra vez. Mas, por mais que pareça estranho, as coisas mudaram, de uma forma positiva!
É bom ver crianças transgênero, que vieram depois de mim, receberem apoio de colegas, funcionários e professores. É satisfatório pensar que elas têm maior acesso a informações e terapia. É incrível pensar que seus pais terão o conhecimento necessário para entender a realidade de seus filhos.
Por mais que a minha experiência não tenha sido invejável, fico feliz em ver a evolução acontecendo nas instituições de ensino e torço para que as crianças e adolescentes, em suas formas únicas e diversas, cresçam fortes e se sentindo pertencentes, principalmente, em espaços de desenvolvimento humano, como o ambiente escolar!
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