Por Evando Reis
Minha família, como outras pioneiras de Itaquera, chegou por aqui nos anos 50.
Aqui meu pai, Raimundo Nonato Reis, juntamente com a minha mãe, Tereza de Jesus Silva Reis, trabalharam arduamente para criar nossa família constituída por seis irmãos.
Ele começou como empregado e logo despertou o espírito de empreendedorismo virando comerciante montando um bar na Campanella, onde ficou um período.
Depois foi transferindo o bar para outros lugares, como na antiga Rua Municipal, em frente ao Cine Itaquera, e em seguida para a Avenida Pires do Rio, ao lado do Cine Itaquera, e finalmente na Avenida Pires do Rio, em frente à Fábrica Nife.
Como Itaquera era praticamente uma área rural, havia muita necessidade de melhoramentos com relação à infraestrutura.
Foi aí que, através do relacionamento de comerciante que meu pai Raimundo Nonato tinha, despertou nele a liderança comunitária. Então ele começou a reivindicar uma série de melhorias.
Entre elas estão diversos quilômetros de asfalto e iluminação, além do Hospital Valdomiro de Paula. Uma das principais conquistas foi a inauguração do ponto de água potável ao lado da Fabrica Nife.
Raimundo Nonato trouxe o governador Abreu Sodré para a inauguração, sendo que o governador foi na Fábrica Nife e, em seguida, no nosso comércio, que se chamava Bar Lanches Guarujá.
Ele inaugurou o primeiro comércio com água potável, além de uma casa, no ano de 1970, quando o Brasil comemorava a conquista do tricampeonato de futebol no México.
Tenho saudades da política comunitária daquele tempo. Passaram pela minha casa vários governadores, como Abreu Sodré, Laudo Natel, Franco Montoro, Orestes Quercia, Paulo Maluf, e o presidente Jânio Quadros.
Por conta destes fatos, Raimundo Nonato foi pioneiro na política partidária em Itaquera, participando de vários movimentos que culminou no lançamento de sua candidatura a deputado estadual nos anos 70, pelo então MDB, sendo expressivamente votado em Itaquera.
Para se ter ideia, de uma urna com 500 votos em papel na época, ele tirava mais de 400 votos!
Como eram votos só de Itaquera, não eram suficientes para se eleger.
Tenho saudades dos pioneiros da época: os comerciantes Ikeda – do Mercado e Cine Itaquera; Ofélia – do Magazine Clemar; Gaspar – da Padaria Gaspar; do Paulo Faizano e de sua esposa Dora; do Evaristo Cipeda – do Cine Itaquera; do Arsênio e do Vicente – da Padaria Vencedora; do Kamijo – da loja de secos e molhados, que ainda fazia o papel de veterinário; do Armando – da Peixaria; do Domingos – do açougue; do Washington – da Organização Mendonça; do Paulo Kubo – da Oficina de Molas de Carros; do Vicente e do Alberto – do Salão Azul; do Foto Rex; do Dr. Hélio – Dentista; do Dr. Sílvio – Médico; do João Arduíno – investigador de polícia; do Jorge Salim – da Casa São Jorge; do Armando Novelli; do Maneco Rodrigues – do Material de Construção Rodrigues; do Luis Romano; do Geraldo Garcia; das famílias Mancini, Gianetti, Campanella, Constantino, Neves Vieira, Zezinho Davanzo, Nunes, Romero, Pilon, Roldan Pereira; e também dos funcionários da Nife, como o Honorato, o França, o José Romero e o Castilho. Todos reconheciam e colaboravam com o crescimento e a evolução do bairro.
Também tenho saudades dos nossos campos de várzea e dos times de futebol, como a Nife, Democrático, Olaria, Santo Antônio, Rio Verde, Itapemirim, Vila Taquari, Rielo, Palmeirinha, Montepino, entre tantos outros. Ainda temos times de campo como o Falcão do Morro, o Santana Itaquerense e o Morgante. Elite Itaquerense e Ferrolho jogam ainda em campo visitante.
Saudades da nossa estação de trem que criminosamente derrubaram. Quem te viu, quem te vê, Itaquera. Quanto crescimento!
Hoje temos as escolas de samba Leandro de Itaquera e a Dom Bosco, do padre Rosalvino, a estação de metrô Itaquera, o Sesc, o Senac, a Etec, a Radial Leste, a Av. Jacu-Pêssego, a Unicastelo/Universidade Brasil, as Cohabs e o palco da Copa do Mundo 2014: o estádio do Corinthians, também chamado de Itaquerão. Além de uma população de 500 mil pessoas.
Acompanhei sempre de muito perto todo essa luta por melhorias e este crescimento, e continuarei acompanhando com muito carinho, pois esse sangue fervente por Itaquera corre nas minhas veias herdados pelo meu pai Raimundo Nonato Reis, que atualmente com 92 anos, ainda briga pelo nosso querido bairro.
Há muito por fazer ainda.
Itaquera Pedra Dura! Um filho seu não foge à luta. Quem tem que mandar em Itaquera são os itaquerenses. Então vamos em frente que vem coisa boa por aí.
Itaquera: quem te viu, quem te vê.
A gente se vê.