A Prefeitura de São Paulo seguirá a determinação do Governo de São Paulo para a prorrogação da quarentena até 31 de maio. A medida segue as orientações de médicos e cientistas, devido ao ritmo acelerado de contágio e pelo aumento crítico no total de infectados e de mortes por Covid-19 (doença provocada pelo novo Coronavírus), com risco iminente de colapso no sistema de saúde. O decreto será publicado na edição de sábado (9) do Diário Oficial da Cidade.
“Agora é a hora da verdade. São Paulo escolheu a vida e não aceita a falsa contradição entre vida e economia. O trabalho é a realização do homem e da mulher, mas só trabalha quem está vivo e com saúde. Serão dias difíceis nas próximas semanas. Vamos nos manter firmes no propósito de preservar vidas. Usem máscaras, protejam uns aos outros e, por favor, fiquem em casa”,disse o prefeito Bruno Covas, durante coletiva realizada no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado.
DECISÃO
A decisão da prorrogação da quarentena foi avalizada integralmente pelos especialistas do Centro de Contingência do coronavírus em São Paulo. Na capital, a medida segue ainda as determinações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e da Vigilância Sanitária do município.
“Eu queria agradecer aos paulistanos e paulistanas quem têm feito o sacrifício pessoal para poderem permanecer dentro de casa. São quase 6 milhões de pessoas que estão ficando dentro de casa, sabendo da importância do isolamento social. Isso tem nos ajudado a salvar vidas na cidade de São Paulo. Nada menos do que 30 mil pessoas deixaram de morrer na cidade de São Paulo por conta isolamento social. Esse é o nosso compromisso maior: defender a vida, proteger as pessoas e defender o direito constitucional mais importante, que é a proteção da vida humana”, alertou o prefeito.
“CENÁRIO DESOLADOR”
A aceleração acentuada da contaminação por Coronavírus em São Paulo coincide com a queda sensível nos índices de isolamento social em todo o estado. A média da capital chegou a47% na última quarta-feira (6), muito longe da taxa considerada ideal, de 70%, e abaixo do mínimo de 55%, estipulado como meta pelas autoridades em saúde.
“Como governador de São Paulo, eu gostaria de dar uma notícia diferente, mas o cenário é desolador. Teremos que prorrogar a quarentena até o dia 31 de maio. Queremos, em breve, poder anunciar a retomada gradual da economia, como está previsto no Plano São Paulo”, disse João Doria. “O pior cenário é o que alia mortes e recessão. Adotar a quarentena, como fizemos aqui em São Paulo, não é uma tarefa fácil. Mas trata-se de proteger vidas no momento mais difícil e crítico da história deste país”, acrescentou o governador. “A nossa decisão de prorrogar a quarentena é a decisão pela vida”, completou Doria.
RÁPIDO CRESCIMENTO
A última reunião técnica dos 16 integrantes do Centro de Contingência do Coronavírus aconteceu na última terça-feira, dia 5 de maio. A recomendação ao Governo do Estado pela extensão da quarentena foi unânime. Nos últimos 30 dias, o avanço da doença subiu 3.300% no interior e litoral, e 770% na capital.
“Não existe nenhuma dúvida, do ponto de vista do Centro de Contingência, de que essas medidas têm que ser prolongadas em virtude da gravidade do momento”, afirmou coordenador interino do comitê, Dimas Covas.
Embora o cenário atual seja muito preocupante, um modelo matemático do Centro de Contingência aponta que o isolamento social em todo o Estado de São Paulo evitou mais de 40 mil mortes desde o dia 24 de março. Porém, a alta taxa de ocupação de leitos em hospitais por Covid-19 é o principal gargalo que exige a manutenção da quarentena.
TAXA DE OCUPAÇÃO
Na região metropolitana da capital, a taxa de ocupação de leitos para pacientes de coronavírus é de 89,6% em UTI e 74,9% em enfermaria, enquanto os índices estaduais ficam em 70,5% e 51,3%, respectivamente. Para que São Paulo possa sair da quarentena sem colocar o sistema de saúde em risco, os índices de ocupação hospitalar por Covid-19 precisam ficar abaixo de 60%.
Quanto maior o tempo em que a taxa de distanciamento ficar abaixo de 55%, mais longa será a necessidade de manutenção da quarentena nos 645 municípios de São Paulo. Caso as taxas subam, a flexibilização para reabertura de atividades não essenciais poderá ser adotada a em junho.
“Vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para não repetir na cidade de São Paulo o que vimos em cidades, inclusive mais ricas, como é o caso de Nova York. Aqui em São Paulo, nós sentimos por cada vida perdida, por cada história interrompida, por cada família que perde um ente querido. E sentimos, especialmente, por aqueles que perderam as suas mães para a Covid-19 e as mães que perderam os seus filhos e filhas. Apesar de o vírus afetar os mais idosos, nós já registramos 25% dos óbitos de pessoas com menos de 60 anos”, alertou o prefeito Bruno Covas.
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