Já parou pra pensar como a desigualdade social e econômica afetam de diversas maneiras o cotidiano de quem mora nos extremos da cidade de São Paulo? Foi pensando em minimizar os prejuízos causados por estes e outros contrastes que nasceu o Coletivo Meninas Mahin.
Idealizado por Ednusa Ribeiro, mulher negra, mãe e empreendedora da Zona Leste, o grupo se formou em 2016 e tem como objetivo principal a geração de renda por meio de negócios de impacto social com a produção de acessórios, peças de vestuário feminino e masculino, turbantes, papelaria artesanal, bolsas, entre outros.
‘FEIRA AFRO MENINAS MAHIN’
A ideia inicial foi realizar feiras de artesanato (que recebeu o nome de ‘Feira Afro Meninas Mahin’) que fomentassem a economia criativa local. E, por outro lado, que fossem rentáveis e lucrativas o suficiente para impactar social e economicamente a vida de mulheres periféricas, além dos seus respectivos territórios.
Dessa maneira, o grupo começou a ganhar forma e entendeu que utilizar espaços públicos subutilizados – como praças – seria uma ótima oportunidade para a exposição e venda de produtos manufaturados pelas mulheres do Coletivo Meninas Mahin.
“Queríamos trazer as feiras que aconteciam em outras regiões de São Paulo e dar a nossa cara, porque sabíamos da importância econômica, social e cultural desse movimento. Além disso, eu sempre gostei e acreditei muito nesse formato e tinha ao meu lado empreendedoras parceiras muito competentes”, esclareceu Ednusa, cofundadora do Coletivo.
NEGÓCIOS DE IMPACTO SOCIAL
Os negócios de impacto social são essenciais para as periferias de toda e qualquer cidade. É por meio de projetos como o Coletivo Meninas Mahin que pessoas são alcançadas e, consequentemente, diminui a pobreza local com a geração de renda e economia.
Segundo levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 73,4% dos negócios de impacto social atuam no setor de serviços, e 19,4% no segmento de economia criativa e artesanato.
Acreditar no potencial das mulheres da periferia da Zona Leste fez com que o Coletivo Meninas Mahin, que hoje conta com cerca de 70 empreendedoras parceiras, com idades entre 18 e 70 anos, realizassem 139 feiras, entre 2016 e 2019.
Com uma estratégia bem definida de profissionalizar toda a cadeia de produção, as empreendedoras recebem assessoria integral do Coletivo. Da concepção do produto, passando por oficinas de estratégias de negócios e vendas, até a exposição nas feiras que as próprias mulheres organizam.
“Muitas mulheres que tinham acesso a curso de formação empresarial às vezes não sabiam aplicar na prática. O Coletivo trouxe para elas tudo o que precisavam saber como os cursos, as oficinas, as barracas, a feira e, inclusive, o lucro das vendas que é todo delas”, explicou a cofundadora.
ANIVERSÁRIO DE 5 ANOS
Mesmo durante a pandemia do novo Coronavírus, o Coletivo não parou de produzir e inovar. Por meio das plataformas digitais, cursos e oficinas foram ministrados, feiras on-line realizadas e, no mês de agosto, as Meninas Mahin farão uma comemoração respeitando todos os protocolos sanitários. Isso porque o grupo está completando cinco anos de existência e, como afirmou Ednusa à reportagem, “são 5 anos de ocupação e resistência”.
FEIRA EM ITAQUERA
Para celebrar esse marco, uma feira será realizada na Praça das Professoras, em Itaquera, nos dias 14 e 15 de agosto, das 10 às 18 horas, com a venda de todos os produtos das empreendedoras parceiras. Portanto, a ação é também uma maneira de reforçar o papel social desempenhado pelo Coletivo Menina Mahin nos últimos cinco anos.
“Com planejamento, organização, foco e estratégia uma das nossas metas é mostrar para essas mulheres da Zona Leste que o que elas fazem é um negócio sim, e elas podem melhorar, e muito, o faturamento”, finaliza Ednusa.
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