A Obra do Centro Cultural não tem previsão pra ser retomada. A informação é da própria da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), com referência à obra iniciada há mais de 10 anos, no centro de Itaquera, no quadrilátero das ruas Victório Santim, Gregório Ramalho, Ignácio Alves de Mattos e Américo Salvador Novelli.
“No local, onde era localizada a subprefeitura, está em funcionamento a Biblioteca Sérgio Buarque de Holanda, uma das mais completas da região, com acervo de aproximadamente 33 mil exemplares, constituído por livros de literatura, revistas, atlas e multimídia.
Quanto à reconstrução do anexo, a SMC atua no parecer para a demolição da construção existente, e estuda a necessidade de atualizações no projeto para o Centro Cultural, de acordo com novas normas e critérios de acessibilidade.
As áreas pendentes de demolição não contam com circulação de público e/ou funcionários, por questões de segurança. Não há previsão de início das reformas.”
POSICIONAMENTO
Em junho de 2013, a então Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) revelou que a interrupção dos trabalhos ocorreu devido a problemas estruturais, com o surgimento de algumas trincas na laje, e que não havia previsão para a retomada da obra.
Naquele mesmo ano, com relação ao Centro Cultural, a própria SMC informou que precisava esperar pela definição da obra paralisada para ver como poderia dar continuidade ao centro cultural.
PRÊMIO E INVESTIMENTO
O projeto arquitetônico das futuras instalações da biblioteca, de autoria dos arquitetos José Rollemberg Filho, Lara Melo Souza, Marília Gontijo e Wanderley Ariza, recebeu menção honrosa na categoria Edifício-Projeto (institucional) na edição 2008 da Premiação do Instituto dos Arquitetos do Brasil.
O projeto já passou pelas administrações Gilberto Kassab e Fernando Haddad. Do surgimento da ideia até o final do governo Haddad, foram gastos R$ 3 milhões.
IMPACTO DIRETO
Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Itaquera, Roger Fildimaque, outro aspecto é que se perdeu a importância da centralidade dos serviços públicos e privados com com relação ao antigo endereço da subprefeitura. “Tinha de tudo perto. Cartório, bancos, lojas, restaurantes, serviços e entidades, ou seja, é um endereço que, além de ser simbólico por estar perto da praça da estação, onde o bairro começou, dispõe de tudo que as pessoas necessitam. É importante frisar que a sede da subprefeitura no centro ajudaria no fomento do comércio local”, pontuou.
Já Roberto Manna, presidente do Núcleo de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Itaquera, também apoia o retorno da sede da subprefeitura ao seu antigo endereço. “Não tem cabimento o que aconteceu. A subprefeitura não poderia ter saído do antigo endereço. Outra coisa, ali a sede era própria. Agora a Prefeitura banca aluguel todo mês”, indicou.
Para o presidente ainda, uma solução seria a construção de nova sede através de uma PPI – Participação Público-Privada. Já que é preciso demolir o que está construído respeitando o prédio que está tombado históricamente e pode-se pensar em um novo projeto com estacionamento subterrâneo, por exemplo, para desafogar as vagas em via pública. Como estamos falando de um novo prédio, outros serviços municipais importantes poderiam ir para o novo endereço. “Ou seja, seria um grande centro de atendimento e fomento da região”, completou.
Entre as propostas das entidades CDLI e NDI está a unificação de todos os departamentos municipais em um único espaço, além do Centro Cultural.
REFORMA
Do quadrilátero que compreende a Rua Gregório Ramalho a sede da subprefeitura foi para a Rua Augusto Carlos Bauman, 851, endereço de um antigo minishopping, que precisou receber algumas intervenções.
Quando a subprefeita Silvia Regina assumiu a subprefeitura, o local que se encontrava em situação precária. Segundo nossas fontes, na renovação de contrato de aluguel foi exigido ao locatário que fizesse as reformas e adequações necessárias para que o local pudesse fazer um bom atendimento à população e abrigar com o mínimo de conforto os colaboradores que trabalham no local.
A sala de cinema foi restaurada, criou-se um auditório onde são realizadas palestras e eventos, e um pequeno memorial com fotos antigas de Itaquera fica na entrada. Importantes serviços de apoio á população também chegaram à nova sede, entre eles, o TEIA, projeto da Adesampa, que tem como objetivo incentivar o desenvolvimento de negócios e fomentar as redes locais de empreendedorismo, por meio da criação de coworkings públicos na cidade de São Paulo.
É um espaço compartilhado de trabalho com toda a infraestrutura e o suporte necessários para que empreendedores possam gerar renda e fortalecer seus negócios.
A BIBLIOTECA
Com a posse do terreno indo para a Secretaria Municipal da Cultura, a apresentação do projeto do prédio que abrigaria a Biblioteca Pública Sérgio Buarque de Holanda ocorreu em 2008.
O prédio que estava sendo construído deveria abrigar um telecentro, um auditório com 150 lugares e duas salas de cinemas. Com andar térreo e mezanino, tinha ainda praça interna, átrio, lanchonete e espaços para oficinas culturais de artes plásticas, música, dança e teatro.
EMBARGO
No ano de 2013, a antiga sede da administração já estava sendo utilizada provisoriamente pela Biblioteca Sergio Buarque de Holanda, situação que permanece até hoje.
E foi justamente neste período, um ano antes da Copa do Mundo de 2014, que ocorreu o embargo da obra. Resultado: um impasse que continua sem nenhuma menção de que será solucionado tão cedo.
PODAS ESPAÇADAS
Com o terreno parcialmente inutilizado, as podas das árvores existentes no terreno são bem espaçadas e isso acaba fazendo com que a copa de muitas espécies fique bem baixa.
Além disso, a reportagem sempre recebe reclamações referentes ao bloqueio parcial da calçada da Rua Ignácio Alves de Mattos. Como o terreno é muito arborizado, folhagens e galhos secos internos caem no passeio e se misturam com as das espécies plantadas do lado de fora. Seguindo em frente e virando na Rua Américo Salvador Novelli, como a copa das árvores crescem na altura do muro, muitos pedestres chegam a bater com a cabeça nas folhagens.
O mesmo acontece na Rua Victório Santim. Ainda neste último endereço, outra situação alerta os pedestres: como os canteiros das árvores externas quebraram, o piso intertravado levantou.
Completando o percurso, na Rua Gregório Ramalho, onde fica a entrada para a biblioteca, em alguns períodos do ano a copa das árvores também fica mais baixa.
Todas as situações são relatadas à Subprefeitura Itaquera que encaminha as equipes para fazer a zeladoria. Mas, para muitos itaquerenses, caso o local estivesse com o Centro Cultural em atividade, a situação seria completamente diferente.
POLICIAMENTO
Os moradores mais antigos com certeza se lembram da fila enorme que se formava com os jovens que iam se alistar para o serviço militar. Tudo ali, no endereço que abrigava a subprefeitura. E também do posto policial bem na esquina das ruas Ignácio Alves de Mattos e Américo Salvador Novelli.
Com os policiais ali, o entorno era muito mais seguro. Havia vida, movimento. Mas, por falta de efetivo, e não se sabe ao certo se sim ou não, devido a saída da administração municipal dali, o posto deixou de funcionar.
Agora o que se vê é uma guarita completamente pichada e deteriorada. Mais uma vez, a população sai perdendo. Terminamos esta reportagem com o sentimento de que independente de como o espaço deve ser utilizado, é importante que ele seja destinado a algum projeto que valorize ainda mais o bairro e beneficie os munícipes.
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