Mesmo a Secretaria Municipal da Saúde afirmando que as consultas com especialistas não foram canceladas, reportagem publicada em maio pelo Desenvolve Itaquera revelou que muitas pessoas não conseguiram dar sequência a seus tratamentos desde que a pandemia começou.
O secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, até chegou a destacar em vários momentos que as consultas dos pacientes com doenças crônicas não poderiam ser remarcadas, mas na prática não foi bem isso que aconteceu.
A SOLUÇÃO VIROU UM PESADELO
Caso de Renata Aleixo, de 48 anos, moradora do Parque Savoy City. Com um cálculo renal de 0,8mm no Ureter que a levou a colocar um Cateter Duplo J – para drenar a urina que voltava para o rim direito – ela viu o que seria a solução do seu problema de saúde se tornar um pesadelo, com exames, consultas e procedimentos agendados cancelados.
“Eu estava muito próxima de fazer hemodiálise. O cateter era para ser retirado em março. Estou muito preocupada, pois sou diabética e já tive várias infecções”, pontuou Renata, que passa em consulta no AME Santa Marcelina e faria o procedimento no centro cirúrgico do Hospital Santa Marcelina, que fechou durante a pandemia para a maioria dos procedimentos.
A DESCOBERTA DO CÁLCULO
Após sofrer por três anos com dores abdominais, em setembro de 2019, a paciente descobriu a presença do cálculo renal em consulta realizada no próprio hospital. Renata precisou passar por um procedimento cirúrgico e, imediatamente, pelo implante do Cateter Duplo J, para permitir a drenagem da urina do rim até a bexiga.
A expectativa médica era de que a ex-secretária ficasse com o dispositivo por seis meses. Dessa maneira, em consulta realizada em fevereiro, a retirada do cateter foi agendada para o mês seguinte, conforme programação prévia.
A CHEGADA DA PANDEMIA
Com a chegada da pandemia e as novas orientações de isolamento social, o procedimento de retirada foi cancelado. A paciente, que já é portadora de diabetes há 12 anos, passou a conviver com outras complicações em decorrência do corpo estranho no seu organismo.
Neste período, Renata teve que suportar quatro infecções urinárias e altos picos de glicemia (chegou a 500). Além disso, para amenizar as dores, precisou de altas doses de remédios e contraiu uma gastrite.
Atualmente, a paciente não consegue sair de casa e passa a maior parte do dia em repouso absoluto. Com isso, perdeu o emprego. “Eu não aguento ficar dentro da condução uma hora, uma hora e meia, segurando a urina”, afirma a paciente.
Renata destacou que não tem nada contra o Hospital Santa Marcelina. A questão principal é a interrupção dos procedimentos que, no seu caso, embora pudesse ser um procedimento eletivo decorrente de um tratamento iniciado em 2019, agora tomou outras proporções pelo fato da retirada do cateter ter passado do prazo.
PODE TER CALCIFICADO
Depois de um retorno de urgência com o urologista, conseguido para o dia 30 de junho, o médico perguntou sobre os exames para avaliação e Renata explicou sobre os cancelamentos, infecções, dores e até da ida ao pronto-socorro do Hospital Santa Marcelina.
Diante da situação, no dia 7 de julho ela fez os exames de urina tipo 1, urocultura e RX abdômen total. O retorno com o urologista ficou marcado para o dia 21 de julho.
No dia 26 de junho fez 9 meses que a Renata está com o cateter, ou seja, 3 meses a mais do período da sua retirada. O médico que a atendeu acredita que o cateter tenha calcificado no organismo. Mas a confirmação só virá mesmo com os resultados dos exames.
E, caso a Renata ainda tenha infecção e os exames de sangue estiverem alterados, ela não poderá se submeter ao procedimento de retirada do cateter até que esteja bem de saúde.
Até o fechamento desta matéria, o Hospital Santa Marcelina não se pronunciou sobre o caso.
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